PCP à espera das autárquicas para expulsar a escritora Alice Vieira


O PCP vai avaliar a situação de Alice Vieira, mas só depois das eleições autárquicas que se realizam no dia 29 de Setembro. Alice Vieira – militante comunista desde 1975 – decidiu candidatar-se à Assembleia Municipal de Mafra pelas listas do PS, o que poderá conduzir à sua expulsão do PCP. O primeiro passo dos…


O PCP vai avaliar a situação de Alice Vieira, mas só depois das eleições autárquicas que se realizam no dia 29 de Setembro. Alice Vieira – militante comunista desde 1975 – decidiu candidatar-se à Assembleia Municipal de Mafra pelas listas do PS, o que poderá conduzir à sua expulsão do PCP.

O primeiro passo dos comunistas foi chamar a escritora para “uma conversa”, mas, garante Antónia Dimas, da direcção do Sector Intelectual de Lisboa, Alice Vieira não compareceu: “Houve uma tentativa de conversa que não se realizou.”

A escritora já foi acusada de “quebra de lealdade”, mas o PCP não quer entrar em polémicas em plena campanha para as eleições e só “vai analisar esse processo numa fase posterior às autárquicas”, diz ao i Carlos Chaparro, dirigente da Direcção da Organização Regional de Lisboa do PCP.

O afastamento da candidata à presidência da Assembleia Municipal de Mafra é uma possibilidade forte, mas Alice Vieira desdramatiza. “Afastei-me do PCP por várias razões há alguns anos. Não pago quotas há seis anos. Como é que eles me expulsam?”

A resposta só surgirá após as autárquicas – altura em que o PCP garante que vai analisar este caso “num quadro global” -, mas Alice Vieira garante que nunca alinharia ao lado do PS em eleições a nível nacional. “Se fossem legislativas eu não me metia nessas coisas, mas autárquicas é completamente diferente. Podemos apoiar as pessoas e não os partidos.”

O PCP não aceita esta tese. Num comunicado divulgado em Março, Alice Vieira é acusada de “apoiar os objectivos do PS” e de “fazer das eleições autárquicas um momento para iludir no tempo a sua recusa de pôr fim a um governo politicamente derrotado”.

Como é habitual, as eleições autárquicas são o palco de várias guerras partidárias. Um mal que não é exclusivo do PCP. Em Sintra, o histórico do PSD António Capucho é candidato à assembleia municipal nas listas do independente Marco Almeida – vereador eleito pelo PSD e militante do partido – e já foi ameaçado de expulsão. Capucho foi quase tudo no PSD e uma eventual sanção não deixará de ser polémica, mas Pedro Pinto, vice-presidente do partido e candidato em Sintra, já avisou que “o PSD tem regras” e o ex-autarca de Cascais “já sabe o que vai acontecer”.

Capucho já admitiu que “a actual direcção está no seu direito, em termos formais, de aplicar a norma estatutária que permite expulsar todos aqueles que apoiarem candidaturas autárquicas independentes”. Se a opção for cumprir os estatutos à risca, militantes de peso como Miguel Veiga ou Valente de Oliveira poderão ser sancionados por apoiarem Rui Moreira, que se candidata contra Luís Filipe Menezes no Porto. No PS, as autárquicas também já provocaram estragos. Guilherme Pinto, presidente da Câmara de Matosinhos, demitiu-se do partido depois da decisão dos socialistas de apoiar António Parada como candidato à autarquia. Saiu com estrondo e com críticas a António José Seguro.