Rocha vs Raimundo: Um debate marcado pelas divergências

Rocha vs Raimundo: Um debate marcado pelas divergências


Da habitação, à saúde, passando pela Ucrânia não há nada que os une.


A presença do Estado em várias empresas, como a Caixa Geral de Depósitos e a TAP, marcaram o arranque do debate entre Rui Rocha e Paulo Raimundo. O líder do PCP acena com “falência do modelo de privatizar tudo” e acusou a IL de querer” privatizar tudo à exceção da água”.

Um argumento que levou o líder da IL a afirmar que o PCP “representa uma ideologia que falhou em todos os sítios onde foi tentada, da Venezuela a Cuba”, o que no seu entender, representa “um falhanço total”.

E acrescentou: “Se o programa de Paulo Raimundo fosse aplicado traria como consequência uma bancarrota do país pelo aumento de despesa e de nacionalizações”, dando como exemplo o programa apresentado pela CDU.

Também a habitação foi outro tema em destaque com o líder comunista a defender que “o Estado deve intervir e com força e de forma musculada”. Um problema reconhecido por Rui Rocha ao considerar que “temos uma crise gravíssima da habitação”, adiantando, no entanto, que a resposta passa pela via fiscal ao incentivar mais construção e mais casas para os portugueses.

E como solução, o líder liberal acredita que por via fiscal é possível incentivar a construção de mais casas.

Bancarrota?

Rui Rocha defendeu ainda que a visão do partido é de “futuro” para “resolver problemas essenciais”, com um Estado focado nas suas “atividades essenciais”. E não hesitou: “Ouvir Paulo Raimundo a falar de abordagens económicas que falham é absolutamente surpreendente. Defende uma ideologia que falhou em todo o lado”, acusando o programa comunista de voltar à bancarrota. “Se o Paulo Raimundo tiver saudades da Troika faça uma coisa. Meta o programa do PCP no correio e envie para o destinatário. No dia seguinte temos cá a Troika”, afirmou.

Críticas não aceites pelo líder comunista que deu como exemplo o caso da saúde. “É a lei da selva”, acusou Raimundo, defendendo que o “Estado tem a obrigação de garantir a saúde a todos e o único sistema que garante isso é o SNS”, acrescentando que é preciso “mais gente disponível para trabalhar no SNS”.

Um argumento que não convence o líder da IL ao defender que os utentes deverão poder escolher se vai ou público ou privado e acena com o facto de os utentes terem “muitas saudades das PPP”, nomeadamente o Hospital de Braga e o Beatriz Ângelo, em Loures.

Salários “não sobem por decreto”  

Outro braço-de-ferro disse respeito aos aumentos salariais, com Rui Rocha a defender que os salários não sobem por decreto, mas sim com produtividade e  crescimento. “As empresas terão menos impostos, serão mais competitivas e as famílias terão mais dinheiro no bolso porque terão menos impostos”, defendeu.

Um cenário afastado pelo líder comunista, defendendo que ou se encara o problema dos “salários de frente ou estamos a caminhar para a desigualdade”, acrescentando que a meta de mil euros “não é nenhuma extravagância”.

Conflito Ucrânia

O debate terminou com o conflito na Ucrânia, o que levou Rui Rocha a apontar o dedo ao líder comunista: “Se Portugal fosse atacado, o que Paulo Raimundo faria era entregar a soberania de Portugal a quem nos tivesse invadido”, defendendo que “a posição do PCP é absolutamente lamentável”.

Uma acusação que levou cartão vermelho por parte de Paulo Raimundo: “Fica-lhe mal acabar o debate assim”.