Pedro Nuno vs Paulo Raimundo. Um debate de cavalheiros com geringonça à vista

Pedro Nuno vs Paulo Raimundo. Um debate de cavalheiros com geringonça à vista


Líder socialista acena com respeito pelo partido comunista, mas Paulo Raimundo diz que políticas só mudam “se PCP ganhar mais deputados”.


As primeiras palavras do debate foram dedicadas à morte do Papa Francisco. Pedro Nuno Santos lembrou que “deixou uma mensagem muito importante para toda a ação também na política e de respeito pelos outro e pelos desfavorecidos”. Também Paulo Raimundo acenou com o seu legado em matéria de injustiças:  “Teve a coragem de pôr o dedo na ferida.  Disse que o único caminho é a paz e a resolução diplomática dos conflitos e deixou esse desafio”.

Mas rapidamente passaram para o tema da saúde com o líder socialista a dar cartão vermelho ao Governo de Luís Montenegro, acusando o primeiro-ministro de “ter enganado o povo português” ao considerar que seria “fácil e rápido” resolver os problemas da saúde”, lembrando que, esta é uma das áreas de maior preocupação dos portugueses. “Há um conjunto de doenças complexas só tratadas no SNS”, dando como exemplo a oncologia pediátrica.

Uma ideia partilhada por Paulo Raimundo ao considerar que não é fácil resolver os problemas na saúde “de um dia para o outro”, mas aí aponta o dedo ao líder socialista ao defender que “podia ter começado a resolver mais cedo” os problemas neste setor.

Imigração necessária gera consenso

Os dois líderes políticas defendem que a economia portuguesa precisa da imigração para continuar a crescer, ainda assim, Pedro Nuno Santos defendeu que é necessário adaptar os números à realidade quando confrontado com o facto de o PS ter aberto a porta a 120 mil imigrantes sem verificar o registo criminal.

E apesar de Paulo Raimundo defender uma imigração regulada, o líder comunista aponta o dedo aos socialistas em relação aos vistos gold. “Precisamos de assegurar que a entrada é feita pelos canais regulares e legais”, diz defendendo que isso “protege quem já está cá mas também quem pretende viver e trabalhar em Portugal”. “Durante o período anterior tivemos entrada massiva de trabalhadores estrangeiros, mas agora estamos numa fase diferente”, referiu.

Gerigonça à vista?

Sobre a possibilidade de reeditar a geringonça e as críticas do PCP ao PS, Pedro Nuno Santos afasta a “equiparação” que o PCP faz entre o PS e a AD, defendendo que o PS viabilizou o Orçamento do Estado ao Governo por uma questão de “responsabilidade”.

Um argumento que não convenceu o líder comunista. “O PS, quando viabilizou o Orçamento do Estado não viabilizou o país, mas 1800 milhões de benefícios fiscais para as grandes empresas ou 1200 euros para PPP rodoviárias e o desmantelamento do SNS”, referido que se é para seguir esse caminho o Partido Socialista não irá contar com o PCP. “Temos de responder não à viabilidade do IRC e dos grandes grupos, mas de quem trabalha por turnos, do SNS, da Habitação. Se é por este caminho contam connosco”, salientou.

De acordo com Raimundo, a solução não passa por o PS ganhar as eleições, mas a CDU conquistar mais deputados da CDU, “como determinou no passado e vai determinar no futuro”, acrescentado que “a experiência demonstra-o”. 

E, mesmo depois de Pedro Nuno Santos, ter dito que tinha “muito respeito pelo PCP”, Paulo Raimundo acusa o líder socialista de ter um programa do PS pouco ambicioso. “É um bocadinho poucochinho. Mesmo a conversa do choque salarial é um espirro salarial, que em 2029 não promete o salário mínimo que há hoje em Espanha”. 

Argumentos que levam Pedro Nuno Santos a fazer um apelo ao voto. “Quem quer uma agenda que preserve o SNS, construir habitação pública, não ter borlas fiscais a grandes empresas tem de ter um Governo do PS” e para o PS ganhar as eleições, não pode haver dispersão de votos”, referiu.

Lucros debaixo de fogo

Paulo Raimundo assumiu ainda um compromisso com “a vida das pessoas”, defendendo que são os trabalhadores que põem a economia a funcionar. “A parte fundamental da riqueza que criam é para os lucros que se acumulam. A não ser que achemos normal ter 19 grupos económicos que concentram 33 milhões de lucro por dia. Se acharmos normal é continuar a política deste Governo”, acusou.

O que leva o líder socialista a prometer aumentos salariais até ao “limite do que a economia conseguir suportar”.

E encerra o debate com um recado em relação às investigações a que está a ser alvo. “Se tivesse o meu principal adversário feito o mesmo e não estaríamos onde estamos hoje”, defendeu.