PCP vs Livre: Portugal “não é uma província da UE, um apêndice da NATO”


Duas esquerdas diferentes debatem os principais temas da atualidade.


Sobre a Defesa e a NATO 

O debate desta quarta-feira começou com o líder do Livre a salientar que, para uma Europa “ser livre”, esta “tem de ser unida” – diferente de dizer que precisa “gastar em mais armas”.  

Já sobre a NATO e questionado sobre a posição do Livre sobre a importância da Aliança Atlântica, Rui Tavares questionou: “Neste momento quem é que ainda acredita na NATO?”  

Em alternativa, Rui Tavares propõe “uma comunidade europeia de Defesa, que se possa substituir à NATO”. 

Por sua vez, Paulo Raimundo voltou a deixar claro que o PCP “não acompanha” a ideia “de que a Europa precisa de se armar até aos dentes”. 

“Quem acha que se vai armar até aos dentes e que o inimigo não fará o mesmo vive numa profunda ilusão”, rematou, acrescentando que a fatura europeia, de 800 mil milhões de euros, e que vai para a guerra, “vai recair, como sempre recaiu, sobre os povos”. 

Neste sentido, o secretário-geral do PCP entende que Portugal não deve investir mais dinheiro “numa corrida para a guerra”. 

“Não trocamos dinheiro para a guerra nem por pensões, nem por salários, nem por habitação, nem pela saúde, creches ou pelos lares”, disse. 

 
Sobre a União Europeia  

Sobre a UE, o porta-voz do Livre disse que na Europa “só há dois tipos de países”: os que “são pequenos” e os que “ainda não sabem que são pequenos”, afirmou, acrescentando que “não é a Europa” que está a correr para a guerra. 

“Quem está a correr para a guerra não é a Europa. Com Putin de um lado e Trump de outro, a Europa tem de ser levada a sério”, frisou.  

O líder do Livre não poupou críticas ao governo de Viktor Orbán, classificando-o de um “submarino de Putin”.  

Já Paulo Raimundo decidiu relembrar os anos da Troika. O secretário-geral do PCP não abdica de “intervir na UE”, mas afirmou que “Portugal não é uma província da UE, um apêndice da NATO e dos EUA”, e sim “um país soberano, que tem uma Constituição que é o grande guia de ação”.  

É “aumentar a nossa produção, diversificar as relações comerciais e alimentar o mercado interno, pelo aumento dos trabalhos” que o caminho deve ser feito. E deixou claro: sair da UE “não é uma questão” para um futuro próximo.  

Por sua vez, Rui Tavares mencionou que taxar as grandes fortunas seria uma opção em cima da mesa. “Bastava um imposto de 2% sobre as fortunas da Europa e conseguiriam pagar o esforço europeu” para fazer face às tarifas de Trump. 

Sobre Habitação 

Paulo Raimundo considera que, neste caderno, é necessário “estabilidade” e, ao ser questionado sobre a proposta de proteção dos inquilinos pelo limite às rendas, o comunista explica que o objetivo “é dar garantia por prolongar os contratos de arredamento o mais possível para dar estabilidade por mais tempo”.  

E chamou a banca à questão: “Os lucros da banca davam para construir 140 mil casas. É possível isto continuar assim?”, questionou. 

O secretário-geral dos comunistas disse ainda que foram feitas “várias opções negativas” na habitação, e deu como exemplo uma em particular: dar 1.700 milhões de euros em benefícios fiscais aos não residentes.  

No seu entender, “não serve para combater a especulação” e os beneficiários da proposta “fazem da aquisição de casas um belo negócio”.  

Já Rui Tavares defendeu que a diferença da esquerda para a direita é que, “para ser livre, o meu irmão não pode dormir debaixo da ponte”. 

O porta-voz do Livre defendeu a redução da compra de casas de luxo através da “taxação”.  

Sobre governabilidade 

“Toda a gente entende que o que é preciso é ter maiorias que permitam no Parlamento governar. Isto não é uma liga em que se fica em primeiro, é o Parlamentarismo”, disse, por sua vez, Rui Tavares, acrescentando que não teme “absolutamente nada” o voto útil.  

“Eu voto 96% das mesmas medidas do PCP”, mencionou, “e acho que ninguém critica que votemos do mesmo lado nos direitos dos trabalhadores ou nos direitos sociais”, rematou.  

Já Paulo Raimundo apontou o foco no “reforço” da CDU”, que espera que se traduza “em votação e número de deputados”. “Nunca será pela mão da CDU que a política de direita se impõe. E que nunca faltarão soluções para a vida das pessoas”.