A gangrena do futebol e a cegueira dos adeptos


O futebol sempre foi um mundo opaco onde se passavam coisas esquisitas e, com os milhões que circulam nos clubes, tornou-se há muito um íman para negociatas que nada têm que ver com o desporto.


Nunca faltou em Portugal quem esfregue as mãos de contente com a desgraça dos outros. No caso da detenção de Luís Filipe Vieira isso é ainda mais óbvio, porque à satisfação de ver cair um homem poderoso junta-se, para muitos, o sentimento de ódio clubístico. Recordo-me bem de ouvir um amigo fanático sportinguista dizer que preferia ver o Benfica (que ele refere sempre por outro nome menos simpático) descer de divisão a ver o seu clube ganhar a Liga dos Campeões!

Ora, assistir à detenção do presidente do clube rival deve ter sido para ele um bálsamo equiparável a esse “sonho”.
Em todo o caso, a detenção de Vieira não constitui uma surpresa completa. O futebol sempre foi um mundo opaco onde se passavam coisas esquisitas e, com os milhões que circulam nos clubes, tornou-se há muito um íman para negociatas que nada têm que ver com o desporto. Só isso, aliás, pode explicar quer a quantidade de transferências, quer os valores obscenos envolvidos.

Diga-se em abono da verdade que Vieira já tinha caído um pouco em desgraça devido à época desgraçada que a equipa de futebol do Benfica fez, depois da espalhafatosa contratação de Jorge Jesus, que veio do Brasil num jacto privado, e do investimento nunca visto em jogadores. Agora a sua posição fica ainda mais fragilizada. E não me espantaria que mesmo aqueles que antes o defendiam com unhas e dentes se demarquem à espera que caia.

A memória é curta e a tendência será porventura para recordá-lo pelos insucessos, pelas promessas não cumpridas e pelos processos judiciais, esquecendo-se como reergueu um clube de rastos e lhe devolveu o orgulho. Mas o facto é que, saia como sair – e talvez saia muito mal –, Vieira deixa obra feita.

Quanto àqueles que esfregam as mãos de contentes e clamam por justiça, são os mesmos que noutras ocasiões preferem branquear despudoradamente os casos que envolvem os seus clubes e respetivos dirigentes. Se as negociatas são uma gangrena do futebol, a cegueira dos adeptos é uma doença para a qual ainda ninguém encontrou remédio.

A gangrena do futebol e a cegueira dos adeptos


O futebol sempre foi um mundo opaco onde se passavam coisas esquisitas e, com os milhões que circulam nos clubes, tornou-se há muito um íman para negociatas que nada têm que ver com o desporto.


Nunca faltou em Portugal quem esfregue as mãos de contente com a desgraça dos outros. No caso da detenção de Luís Filipe Vieira isso é ainda mais óbvio, porque à satisfação de ver cair um homem poderoso junta-se, para muitos, o sentimento de ódio clubístico. Recordo-me bem de ouvir um amigo fanático sportinguista dizer que preferia ver o Benfica (que ele refere sempre por outro nome menos simpático) descer de divisão a ver o seu clube ganhar a Liga dos Campeões!

Ora, assistir à detenção do presidente do clube rival deve ter sido para ele um bálsamo equiparável a esse “sonho”.
Em todo o caso, a detenção de Vieira não constitui uma surpresa completa. O futebol sempre foi um mundo opaco onde se passavam coisas esquisitas e, com os milhões que circulam nos clubes, tornou-se há muito um íman para negociatas que nada têm que ver com o desporto. Só isso, aliás, pode explicar quer a quantidade de transferências, quer os valores obscenos envolvidos.

Diga-se em abono da verdade que Vieira já tinha caído um pouco em desgraça devido à época desgraçada que a equipa de futebol do Benfica fez, depois da espalhafatosa contratação de Jorge Jesus, que veio do Brasil num jacto privado, e do investimento nunca visto em jogadores. Agora a sua posição fica ainda mais fragilizada. E não me espantaria que mesmo aqueles que antes o defendiam com unhas e dentes se demarquem à espera que caia.

A memória é curta e a tendência será porventura para recordá-lo pelos insucessos, pelas promessas não cumpridas e pelos processos judiciais, esquecendo-se como reergueu um clube de rastos e lhe devolveu o orgulho. Mas o facto é que, saia como sair – e talvez saia muito mal –, Vieira deixa obra feita.

Quanto àqueles que esfregam as mãos de contentes e clamam por justiça, são os mesmos que noutras ocasiões preferem branquear despudoradamente os casos que envolvem os seus clubes e respetivos dirigentes. Se as negociatas são uma gangrena do futebol, a cegueira dos adeptos é uma doença para a qual ainda ninguém encontrou remédio.