Em 2020, as viagens de Gonçalo Cadilhe fizeram-se sobretudo em corridas ao longo da marginal da praia de Buarcos, na Figueira da Foz. Com os aviões em terra e, mais do que isso, a ameaça constante de, partindo para um destino distante, não conseguir depois regressar a casa, aquele que será o mais reconhecido viajante profissional português aproveitou para fazer o que não fazia há 30 anos: viver a vida normal, rotineira, acordar a olhar para a mesma paisagem dias e semanas e meses a fio. “Uma coisa rara”, diz. “Foi bom. Estava há 30 anos a viajar sem parar e foi a primeira vez de facto que em 30 anos estive com rotinas. Foi uma maneira de pôr ordem em coisas da minha vida que estavam há anos à espera de serem arquivadas, catalogadas, arrumadas. Foi um ano bem passado este. Em casa”.
Há uma estranheza em ouvir Gonçalo Cadilhe falar assim. Ele que, em 23 de fevereiro, aterrava em Portugal de uma volta ao mundo que iniciara um mês antes com um grupo de 20 pessoas, numa viagem integrada no programa Viagem com os Autores da agência Pinto Lopes Viagens, com a qual colabora regularmente. Refaziam o trajeto do seu livro Nos Passos de Magalhães (ed. Clube do Autor), em que revisitou ele próprio para o escrever os lugares por onde passou o navegador português. Atlântico Sul, Patagónia, Pacífico, ilha da Páscoa, Nova Zelândia, Austrália, Singapura, Malásia, a travessia do Índico em direção a Mombaça, no Quénia, e o regresso a Lisboa.
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