Joana Sousa e Miguel Ribeiro. “Nunca prescindiríamos do Doclisboa como um lugar de encontro”

Joana Sousa e Miguel Ribeiro. “Nunca prescindiríamos do Doclisboa como um lugar de encontro”


Arranca quinta-feira o 18.º Doclisboa. Uma conversa com a nova direção sobre o festival e o cinema, durante e para lá da pandemia.


Com Neegatu, filme que José Barahona foi fazer à Amazónia profunda em busca da língua que ali foi imposta durante o processo de colonização portuguesa em estreia mundial, arranca na quinta-feira na Culturgest o 18.º Doclisboa. Pretexto para uma conversa com a nova direção do festival, composta por Joana Sousa, Miguel Ribeiro e Joana Gusmão (que nesta edição assume funções de codireção por estar em licença de maternidade mas que regressará em 2021) sobre o cinema e o lugar que não pode deixar de ocupar em tempos de pandemia. Mas também sobre o seu futuro para lá dela, entre a polémica alteração à Lei do Cinema a ser votada nesta semana na Assembleia da República.

Nesta tarefa difícil que é a de assumir a direção de um festival num ano em que nenhum festival está a decorrer nos moldes ideais devido à pandemia, num ano em que acabaram por optar por um formato completamente distinto do habitual no Doclisboa. Que caminho fizeram até chegarem aqui?

Miguel Ribeiro — Não quero falar em benefícios da pandemia, mas se há coisa a que estes tempos nos obrigam é a pensar e a demarcar muito claramente aquilo que defendemos para as nossas vidas e, neste caso, para o festival. Então esta edição surge de um exercício muito profundo de perceber o que era fundamental no festival. Ou seja, num momento em que tanta coisa que para nós é tão importante se torna muito dificultada…

… o que é que não podemos mesmo perder.

Do que é que nunca prescindiríamos. Havia uma coisa que para nós era muito clara: que concebíamos a ideia do festival como um encontro em torno dos filmes. Isto parece uma ideia muito básica, mas neste momento não é. Também nos parece que um festival é muito importante como lugar de encontro para as equipas com o público e por isso, sendo impossível trazer cineastas estrangeiros, encontrámos forma de por videoconferência as sessões terem debates à mesma. Vai haver essa presença digital do realizador no ecrã no final das sessões para conversar com o público. 

E talvez por via das circunstâncias tenhamos então nesta edição mais oportunidades para esses encontros do que o habitual até.
Sim, vai haver mais debates este ano do que normalmente o festival tem. Por outro lado, também nos parece que o festival é importante enquanto espaço de reflexão também de quem faz filmes, de encontro entre as equipas. Isso foi o mais difícil na medida em que as pessoas não se podem de facto encontrar presencialmente, mas mantivemos, e alargámos até, esse espaço de encontros do Nebulae, passando-o para o online.
 

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