Oito espetáculos para um verdadeiro regresso ao teatro

Oito espetáculos para um verdadeiro regresso ao teatro


Depois da paragem dos meses de confinamento, meses em que ensaios e preparação de produções ficaram interrompidos, a luz verde do Governo não chegou para que o regresso aos teatros se fizesse no imediato. Retomada a vida, e os ensaios, setembro é o mês que marca, em início de nova temporada, o regresso da maior…


A vida vai engolir-vos

Na reabertura de temporada do São Luiz e do Teatro Nacional D. Maria II, Tónan Quito revisita Anton Tchékhov num espetáculo que, dividido em duas partes, tem uma duração total de oito horas. Isto porque são quatro os textos do dramaturgo russo que reúne intercalados em A Vida Vai Engolir-vos: A Gaivota, O Tio Vânia, Três Irmãs e O Ginjal. Na interpretação, ao próprio juntam-se ainda Álvaro Correia, Gonçalo Waddington, João Pedro Mamede, Leonor Cabral, Miguel Loureiro, Mónica Garnel, Rita Cabaço e Sílvia Filipe.
De 1 a 12 de setembro, no São Luiz e no Teatro Nacional D. Maria II, Lisboa

 

Aurora Negra

Cleo Tavares, Isabél Zuaa e Nádia Yracema, três atrizes negras, juntaram-se na criação de um espetáculo a partir da constatação da invisibilidade a que os corpos negros estão sujeitos nas artes performativas. A partir de dia 3, Aurora Negra, vencedor da segunda edição da Bolsa Amélia Rey Colaço, marca a reabertura ao público da Sala Estúdio do Teatro D. Maria II. São três corpos, três mulheres na condição de estrangeiras “projetando um caminho onde se afirmam como protagonistas das suas histórias” entre três línguas: crioulo, tchokwe e português.
De 3 a 13 de setembro, no Teatro Nacional D. Maria II, Lisboa

 

Este é o Meu Corpo: A Virgem Doida

No Teatro São Luiz, em Lisboa, Mónica Calle apresenta sete dos solos emblemáticos da sua carreira. A Virgem Doida, de Rimbaud, marcou a sua estreia como atriz em 1992, e o início da Casa Conveniente. A esse monólogo regressou já uma vez, há oito anos, ao completar duas décadas de carreira, e volta agora na série de espetáculos em que revisita o seu percurso, reatualizando-os enquanto revisita o seu próprio corpo mas também “um corpo coletivo, inscrito em diferentes circunstâncias e contextos, contextos sociais, políticos e artísticos”.
De 10 a 13 de setembro, no São Luiz Teatro Municipal, Lisboa

 

A.N.T.Í.G.O.N.A

George Steiner, Judith Butler, Slavoj Žižek, María Zambrano, Sara Uribe, Eduarda Dionísio, Júlio Dantas, Jean Anouilh, António Pedro. A partir de um alargado conjunto de textos produzidos em torno de Antígona, o Teatro Experimental do Porto regressa, num espetáculo com direção artística Gonçalo Amorim, à peça de Sófocles, propondo sobre ela um novo olhar, “num tempo em que as questões da democracia, da cidadania, da justiça e dos direitos humanos ressurgem, urgentes, na ordem do dia”.
De 16 a 19 de setembro, no Teatro Carlos Alberto, Porto

 

Castro

Para Castro, Nuno Cardoso faz uma incursão pelo cânone da dramaturgia portuguesa através do texto de António Ferreira que em 1598  inaugurou a tragédia clássica em Portugal. A Castro, como ficou conhecido, conta a história da tragédia “mui sentida e elegante” de Inês de Castro na sua história de amor com D. Pedro, aqui habitada, transportada para um “imenso palco-casa-país, espécie de maquete gigante dos espaços da ação, célula familiar primordial e claustrofóbica, face à intimidade concreta de personagens que se revelam cativas de si próprias e da sua irredutibilidade”.
Até 12 de setembro, no Teatro Nacional São João, Porto

 

Catarina e a beleza de matar fascistas (na imagem)

Esta família mata fascistas, dizem-nos assim. Explicam-nos depois que, como outras noutras famílias, é esta uma tradição com mais de 70 anos, seguida por cada um dos seus membros. Reunidos numa casa de campo, lugar aonde nos leva Tiago Rodrigues (texto e encenação) com António Fonseca, Beatriz Maia, Isabel Abreu, Marco Mendonça, Pedro Gil, Romeu Costa, Rui M. Silva, Sara Barros Leitão, celebram o rito de iniciação da pela jovem Catarina, que questionando-se sobre se há lugar para a violência na luta por um mundo melhor, interrompe a tradição.
19 de setembro, no Centro Cultural Vila Flor, Guimarães

 

The Anger! The Fury!

Ira furor brevis est, a ira é uma loucura temporária. Em The Anger! The Fury!, Sónia Baptista regressa à máxima defendida por Horácio nas suas epístolas e a uma série de outros  textos clássicos, filosóficos e junta-lhes outros, contemporâneos, mais  expressões de cultura popular, ensaios sobre sociedade e género, sobre eco feminismo. O resultado que apresenta nas Gaivotas 6 em forma de ensaio aberto com entrada livre? “Uma vivência hopepunk, com essa mistura radical de otimismo alimentado pela raiva de querer mudar o status quo”.
12 de setembro, na Rua das Gaivotas 6, Lisboa