25 de junho de 1970. Quando Eva, a cabra desmiolada, vivia fechada no paraíso podre

25 de junho de 1970. Quando Eva, a cabra desmiolada, vivia fechada no paraíso podre


Publicados nos Estados Unidos, os registos escritos e fotográficos de Eva Braun foram uma desilusão para os peritos e para os psicólogos. Revelavam claramente a falta de inteligência de uma mulher apaixonada por um canalha de alto calibre.


Adolfo, o canalha, chamava-lhe ternamente “Tschapperl”, a pequerrucha. Mas, enfim, até o Vampiro de Düsseldorf há de, um dia, por mera distração, ter passado a mão, ainda que sem intenções, pelos caracóis loiros de uma criança.

Os irmãos de Eva mandaram às malvas a ternura, ainda que eu não acredite que houvesse um pingo de ternura no sangue do canalha. Tratavam-na por “die blonde Kuh”, a cabra desmiolada.

Nesse dia de 1970, os americanos trouxeram à luz do dia uma coleção de material particular recolhido por Eva Anna Paula Braun, a mulher que acabou por casar com Hitler na hora da sua morte, e este sua é de ambos, cobardes suicidas incapazes de encararem as represálias pelos seus crimes bárbaros: 39 fotografias, 609 metros de filme de 16 mm, com cenas domésticas, tanto a preto-e-branco como a cores, fragmentos do diário da pequerrucha cabra que testemunhou as atrocidades ascorosas do amante sem nunca ter dito uma palavra contra a barbárie perpetrada.

Os psicólogos atiraram-se às notas escritas por Eva com a ferocidade de uma matilha de lobos esfaimados. O diário começou a ser escrito no dia 6 de fevereiro de 1935, data do 23.o aniversário da rapariga que conheceu Adolfo no final de 1929, quando era rececionista e assistente nos estúdios de fotografia de Hoffmann, que Hitler frequentava em Munique. Eva estava furibunda com o amante e registou a zanga. Contava receber um cachorro como prenda de aniversário e Adolfo nem se recordara do acontecimento.

Perceberam rapidamente os estudiosos da obra de Eva que tinham em mãos as expressões mais básicas de uma fedelha mimada sem o mínimo interesse por algo que não fosse a sua bisonha realidade de concubina de um homem detestável. “Adolfo tem agora uma substituta”, escreveu ela em abril desse mesmo ano, referindo-se a Unity Freeman Pickford, uma matrona britânica que cedeu igualmente aos supostos encantos do canalha. E expunha a sua raiva: “Há três meses que não me encontro com ele. Eu, a amante do maior homem da Alemanha e do mundo, estou metida em casa e só posso vê-lo pela janela”. Já tinha idade para saber que de Hitler não poderia esperar gentilezas cavalheirescas.

Conclusões Os peritos americanos, à medida que iam desembrulhando aquele cardápio de emoções, chegavam às mesmas conclusões que os psicólogos de Hitler, trinta e muitos anos antes: “Eva é uma mulher ansiosa por reinar, emocionalmente imatura, curta de inteligência e dominada pelo complexo de ‘dona de casa’”.

Na noite de 28 de maio de 1935, Eva Braun tentou suicidar-se com excesso de narcóticos. Salva pelo médico da família, ganhou um reforço de atenções por parte de Hitler, que já assistira ao suicídio da sobrinha Geil Gaubaul, que viveu a adolescência submetida ao doentio controlo de Adolfo.

As fotos legadas por Eva parecem confirmar a ideia geral que se tem dela. Todas as suas imagens são de absoluto servilismo, surgindo sempre atrás ou aos pés do amante, e muito raramente a seu lado. Em várias estão rodeados pelo sobrinhos de Adolf numa pose de família feliz. Dois desses álbuns fotográficos são dedicados aos dois filhos da sua melhor amiga, Hertha, sendo a rapariga Ursula extremamente parecida com Adolfo, o que criou uma série de suposições nunca confirmadas sobre o seu nascimento. O comentário de Eva não deixa de ser curioso: “A verdade é que cada um faz a cama em que se há de deitar…”

Os diários de Eva Braun foram rapidamente parar ao caixote do lixo da História. Registo variado de disposições de humor de uma rapariga de província apaixonada por um canalha.