Um programa da estação de televisão espanhola Telecinco revelou o conteúdo de uma série de mensagens trocadas, durante o debate parlamentar de terça-feira na Catalunha, entre o líder independentista Carles Puigdemont e um seu antigo ministro Toni Comín. Nessas mensagens de telemóvel, Puigdemont mostrava-se agastado com a decisão da mesa de adiar a sessão de investidura. Os SMS enviados são bastante claros no seu tom e conteúdo: “Os nossos sacrificaram-nos, pelo menos a mim”, “o plano de Moncloa triunfou. Só espero que seja verdade que graças a isso, possam [os dirigentes independentistas presos] sair todos da prisão, caso contrário o ridículo será histórico, é histórico…”.
As mensagens do líder independentista, captadas pela televisão espanhola no ecrã do telemóvel do ministro catalão, expressam várias críticas ao partido ERC do presidente da mesa, Torrent, e do seu vice-presidente do governo catalão, atualmente detido, Oriol Junqueras. “Suponho que esteja claro para vocês que isto [o processo da independência catalã] acabou. Os nossos foram sacrificados, pelo menos eu. Vós sereis ministros (espero e desejo), mas sou eu que estou a ser sacrificado, como defendia Tardà [dirigente da ERC]”.
O líder catalão não escondeu, nessas mensagens a sua amargura, afirmando que iria devotar o resto dos seus dias para repor a verdade e responder às calúnias que lhe tinham feito. Puigdemont afirma que tem o direito de repor a verdade sobre o que fez, nomeadamente ao ir para Bruxelas, e que vai dedicar o que lhe resta de vida a revelar o que fez “durante estes dois anos e proteger a minha reputação”, conluíndo: “fizeram-me muito mal com calúnias, rumores, mentiras que só aguentei por causa de um objetivo comum”.
Recorde-se que, na terça-feira, o jornal “El Periódico” citava um dirigente da ERC que se queixava que Puigdemont não tinha revelado o seu discurso, nem as bases do programa do governo que ia unir os três partidos independentistas (JxC, ERC e CUP), nem sequer havia sido ainda negociado a composição do governo que iria ser proposta no parlamento Catalão.
Pelo seu lado, a CUP, coligação de independentistas anti-capitalistas, ameaçava ontem não voltar ao parlamento se não fosse para a frente a investidura de Puidemont, com um programa que honrasse o compromisso de tornar a Catalunha uma república independente.