Cuidados continuados vão ter mais 756 camas até ao final do ano

Cuidados continuados vão ter mais 756 camas até ao final do ano


Planos foram revelados ao i pela Administração Central do Sistema de Saúde. Norte do país e  Lisboa e Vale do Tejo terão os maiores reforços


Até ao final do ano está prevista a abertura de mais 756 camas nos cuidados continuados. Os planos foram revelados ao i pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS). A cumprirem-se as propostas das Administrações regionais de saúde e das equipas coordenadoras regionais da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, o Norte do país e a região de Lisboa e Vale do Tejo serão as mais reforçadas, com 225 e 394 camas respetivamente.

Como o i avançou na edição deste fim de semana, no final do primeiro trimestre havia 2422 utentes à espera de vaga, um aumento de 72% face ao final do ano passado. Questionada sobre esta matéria, a ACSS reconheceu que a rede atualmente não tem uma cobertura total para as necessidades mas avançou que em Março do ano passado – dados que até aqui não eram públicos – havia 2422 utentes a aguardar, portanto números “sobreponíveis” de acordo com a tutela.

Segundo a ACSS, haver um pico de doentes à espera prende-se com o facto de a tipologia de cuidados de  Longa Duração e Manutenção (ULDM) ser não só das mais procuradas, mas a que tem maior tempo de internamento e por isso menos rotatividade.

Dos 2422 utentes a aguardar vaga no final de Março, 1341 (55,4%) estavam à espera de lugar numa destas unidades, que se destinam a proporcionar cuidados a pessoas com doenças ou processos crónicos que previnam ou retardem a sua situação de dependência. Visam acompanhamento por períodos superiores a três meses.

Depois desta tipologia, são as unidades de média duração que têm mais pessoas à espera (561 no final do primeiro trimestre). As equipas domiciliárias, cuja taxa de lotação ronda os 70% a nível nacional, tinham 105 pessoas a aguardar vez. Para Unidade de Convalescença havia, no final de Março, 281 pedidos pendentes e, para cuidados paliativos, 134 pedidos.

Reforço da rede Não obstante o reforço da rede, todos os anos tem crescido a lista de espera. No final de 2014 havia 848 pessoas à espera e no final de 2015 eram 1408.

A rede de cuidados continuados foi criada há dez anos e esperava-se que por esta altura tivesse perto de 14 mil vagas nas diferentes tipologias. Segundo o balanço da ACSS ao i, com a abertura recente da Unidade de Longa Duração e Manutenção (ULDM) da Santa Casa da Misericórdia de Ponte de Lima – com 28 camas – a rede soma neste momento 7787 vagas, a que acresce disponibilidade nas equipas domiciliárias para o acompanhamento 6287 pessoas.

No Programa Nacional de Reformas, o governo estabelece a expansão dos cuidados continuados como um dos objetivos para reforçar a coesão e igualdade no país. No decurso da legislatura, o governo tenciona pôr a funcionar mais 180 equipas de apoio ao domiciliário e unidades de apoio em ambulatório, como centros de dia. Terão disponibilidade para assistir 4800 pessoas. Já em termos de unidades com internamento, o governo prevê a abertura de perto de 8000 camas. 

O programa detalha mesmo o reforço previsto: 2550 camas de convalescença, 1056 camas de média duração e 4452 camas de longa duração. Na área da saúde mental, prevê-se o reforço da capacidade para assistir 1528 pessoas. Já nos cuidados paliativos prevê-se o reforço da resposta nos hospitais mas também através de equipas comunitárias. E mais 300 camas em unidades com esta vocação.

As previsões para este ano, a cumprir-se, significa que fica concretizado cerca de 10% do plano maior avançado no Programa Nacional de Reformas.

marta.reis@ionline.pt