Migrações. ONU pede aos países que mantenham promessas de acolhimento

Migrações. ONU pede aos países que mantenham promessas de acolhimento


O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) pediu hoje aos Estados que mantenham as promessas feitas de acolhimento de migrantes e refugiados, sobretudo dos sírios que chegam à Grécia, na sequência dos atentados de Paris.


"Estamos preocupados com as reacções de alguns Estados que querem suspender os programas criados, recuar nas promessas feitas para gerir a crise dos refugiados, ou propõem erguer barreiras", declarou uma porta-voz do ACNUR, Melissa Fleming, durante um encontro com a imprensa.

"Os refugiados não devem ser bodes expiatórios ou vítimas secundárias destes acontecimentos trágicos", acrescentou.

O apelo surge depois do parlamento húngaro ter dado hoje "luz verde" ao primeiro-ministro Viktor Orban para avançar com uma acção na justiça contra as quotas de repartição de refugiados entre os Estados-membros, decididas pela UE.

A Hungria, que mantém uma posição inflexível contra os migrantes, ergueu uma barreira de arame farpado nas fronteiras com a Sérvia e a Croácia, e é um dos principais opositores do plano de repartição de 160 mil refugiados, decidido pela UE neste outono.

Em França, a líder da Frente Nacional (FN, xenófobo), Marine Le Pen, defendeu a "suspensão imediata" de novas chegadas, enquanto na Alemanha, o movimento PEGIDA (xenófobo) juntou milhares de apoiantes na última manifestação anti-islão.

Até à passada quinta-feira, menos de 150 refugiados tinham sido efectivamente recolocados, a partir dos pontos de chegada na Itália e na Grécia, em outros países europeus.

De acordo com o ACNUR, 820.318 migrantes e refugiados atravessaram o mar Mediterrâneo com destino à Europa este ano.

Uma grande maioria – perto de 674 mil – passou pela Grécia e pelas ilhas do mar Egeu e 3.470 morreram ou estão desaparecidos, na pior crise migratória na Europa desde 1945.

"A esmagadora maioria dos que chegam à Europa foge de perseguições e ameaças ligadas ao conflito", sublinhou Fleming.

A porta-voz pediu aos europeus a criação de verdadeiros centros de acolhimento – denominados "hot spots" – para os migrantes e refugiados na Grécia e não nas ilhas gregas do mar Egeu, que não têm capacidade para receber e registar correctamente tantas pessoas.

Estes centros vão permitir identificar correctamente as pessoas e garantir que não representam uma ameaça à segurança dos países de acolhimento.

Lusa