Nem os mortos (bem vivos) conseguem derrotar um James Bond à beira da reforma

Nem os mortos (bem vivos) conseguem derrotar um James Bond à beira da reforma


“Spectre” **** 


“Os mortos estão vivos” é a primeira frase que aparece em fundo negro no novo filme de James Bond, “Spectre”, anunciando que o homem de serviço, o britânico Daniel Craig – que dizem ter pendurado as botas como 007 –, terá vida complicada graças a quem partiu desta para melhor.

Neste caso, o vilão vem em forma de organização mundial secreta que dá pelo nome de Spectre, que quer controlar a vigilância em todo o mundo, espalhando o terror aqui e ali, pelas mãos de FranzOberhauser (Christopher Waltz). Franz, um irmão“forçado” de Bond quando este perdeu os pais, que se julgava morto, regressa como a chave dos episódios mais negros de 007 (morte de Vesper Lynd em “Casino Royale”, e mastermind de outros vilões) para ditar o fim do nosso herói do vodka martini“batido mas não mexido”.

Enquanto Bond se entretém a salvar o mundo, M (Ralph Fiennes), Q (Ben Whishaw) e o resto da equipa preocupam–se com travar o programa de vigilância mundial, quase lembrando aquilo que acontece hoje em dia (lembra-se de Edward Snowden?

É quase a mesma história). Com todo o cocktail de perseguições de carros, helicópetros e situações à beira da morte habituais, ficamos com pena que esta rivalidade entre irmãos que se querem matar não seja mais explorada – coisa que, por outro lado, acaba por ser compensada pelo papel, em dose dupla, das bond girls: Lucia (Monica Bellucci, basta-lhe um par de planos para ser inesquecível) e a Dr.a Madeleine Swann(Léa Seydoux), que ombreia bem com o agente secreto.

Um Bond feminista, actual, que quer resolver o passado e que no futuro deixará muitas saudades a alguns.

“Spectre”
**** 
De Sam Mendes
Com DanielCraig, ChristophWaltz,Léa Seydoux, Monica Bellucci, RalphFienes, Dave Batista