As reformas de fundo e a ingenuidade de Rio


O líder do PSD demonstrou uma enorme ingenuidade ao admitir um eventual acordo pós-eleitoral com o Partido Socialista, o que pode ser lido quase como uma admissão antecipada de derrota.


Rui Rio tem sobre outros políticos a enorme vantagem de não ser um político manhoso, calculista, maquiavélico. Viu-se isso na forma quase cândida como tem estado na oposição: quando outros aproveitariam para desgastar o governo a cada oportunidade, ele recusou sempre “falar mal por falar mal”. Muitos não compreenderam a sua postura e acusaram-no de dar a mão ao governo ou de simplesmente não existir enquanto oposição. Não andariam muito longe da verdade…

Se a frontalidade pode – e deve – ser considerada uma qualidade, o facto é que para se sobreviver na política também é preciso um pouco de manha. Chamemos-lhe “habilidade”. Veja-se o caso da entrevista de ontem de Rio à Antena 1.

O líder do PSD demonstrou uma enorme ingenuidade ao admitir um eventual acordo pós-eleitoral com o Partido Socialista, o que pode ser lido quase como uma admissão antecipada de derrota.

Mas mostrou mais ainda ingenuidade ao dizer que gostaria de ter o PS como aliado na concretização de “reformas de fundo”. É absolutamente verdade que o país precisa dessas reformas como de pão para a boca. Já vimos que só com importantes mudanças – seja ao nível dos impostos, da justiça, da administração pública ou das instituições –,  com menos peso às costas, o país poderá andar para a frente em vez de se arrastar.

O erro de Rio é que nunca será o PS, o partido com mais interesses instalados e que mais beneficia com essa sobrecarga paralisante, a tomar a iniciativa dessas medidas, ou sequer a viabilizá-las.

Pelo contrário, o PS mostrou ao longo destes anos que a sua receita é o aumento do peso do Estado, a concentração de poder no governo central, a distribuição de alguns apoios e de benesses para os correligionários, o governo com mais gente de sempre, o maior número de funcionários públicos de sempre… e uma carga fiscal a condizer para alimentar esta engrenagem diabólica. Para não falar, claro, da maior dívida alguma vez vista. Rui Rio até poderia ser o homem para dar a volta a este estado de coisas. Mas não certamente com o apoio deste PS. Como é possível que ele não veja isso?

As reformas de fundo e a ingenuidade de Rio


O líder do PSD demonstrou uma enorme ingenuidade ao admitir um eventual acordo pós-eleitoral com o Partido Socialista, o que pode ser lido quase como uma admissão antecipada de derrota.


Rui Rio tem sobre outros políticos a enorme vantagem de não ser um político manhoso, calculista, maquiavélico. Viu-se isso na forma quase cândida como tem estado na oposição: quando outros aproveitariam para desgastar o governo a cada oportunidade, ele recusou sempre “falar mal por falar mal”. Muitos não compreenderam a sua postura e acusaram-no de dar a mão ao governo ou de simplesmente não existir enquanto oposição. Não andariam muito longe da verdade…

Se a frontalidade pode – e deve – ser considerada uma qualidade, o facto é que para se sobreviver na política também é preciso um pouco de manha. Chamemos-lhe “habilidade”. Veja-se o caso da entrevista de ontem de Rio à Antena 1.

O líder do PSD demonstrou uma enorme ingenuidade ao admitir um eventual acordo pós-eleitoral com o Partido Socialista, o que pode ser lido quase como uma admissão antecipada de derrota.

Mas mostrou mais ainda ingenuidade ao dizer que gostaria de ter o PS como aliado na concretização de “reformas de fundo”. É absolutamente verdade que o país precisa dessas reformas como de pão para a boca. Já vimos que só com importantes mudanças – seja ao nível dos impostos, da justiça, da administração pública ou das instituições –,  com menos peso às costas, o país poderá andar para a frente em vez de se arrastar.

O erro de Rio é que nunca será o PS, o partido com mais interesses instalados e que mais beneficia com essa sobrecarga paralisante, a tomar a iniciativa dessas medidas, ou sequer a viabilizá-las.

Pelo contrário, o PS mostrou ao longo destes anos que a sua receita é o aumento do peso do Estado, a concentração de poder no governo central, a distribuição de alguns apoios e de benesses para os correligionários, o governo com mais gente de sempre, o maior número de funcionários públicos de sempre… e uma carga fiscal a condizer para alimentar esta engrenagem diabólica. Para não falar, claro, da maior dívida alguma vez vista. Rui Rio até poderia ser o homem para dar a volta a este estado de coisas. Mas não certamente com o apoio deste PS. Como é possível que ele não veja isso?