Um bocadinho de bom senso, por favor


Se os critérios fossem inequívocos teria havido certamente menor margem para dúvidas e para abusos. Por outras palavras: talvez o plano de vacinação não tenha sido assim tão bem planeado.


A barafunda inenarrável que tem envolvido a administração das vacinas contra a covid-19 mostra, sem margem para contestação, que não basta darmos um nome bonito e moderno às coisas para elas funcionarem como desejamos. A designação escolhida pelo Governo – “Task Force do Plano de Vacinação” – prometia uma equipa altamente competente e eficaz. Em vez disso, o que temos visto são abusos, dúvidas, irregularidades.

Tem-se apontado o dedo aos que não tinham direito à vacina e a tomaram, aos que passaram à frente dos prioritários. E merecem ser repreendidos, ninguém pode dizer que não.

Mas julgo que se os critérios fossem inequívocos teria havido certamente menor margem para dúvidas e para abusos. Por outras palavras: talvez o plano de vacinação não tenha sido assim tão bem planeado.

Acontece que, feito o mal, parece haver muito quem queira agora compensar a falta de rigor que houve na hora do planeamento – e, já agora, da execução – com o excesso de rigor na hora de aplicar as sanções.

Diz-se que pode haver pessoas a morrer por não terem apanhado a vacina. Admito que sim (embora conheça casos de pessoas que depois de vacinadas ficaram infetadas na mesma). Mas daí a julgar e perseguir pessoas que tomaram indevidamente a vacina – os tais “fura-filas”, na expressão da bastonária dos enfermeiros – como se de homicidas se tratasse vai uma grande distância. Calma lá! Prender alguém (tem-se falado de penas até três anos) porque foi “chico-esperto” ou mesmo desrespeitador? Tenhamos um bocadinho de bom senso.

E, por falar em bom senso, uma palavra sobre as declarações da bastonária dos enfermeiros. Julgo que, na crise que atravessamos, devia contribuir para a boa ordem das coisas, não promover o ruído e fazer ainda mais confusão. Se o seu comentário sobre a autarca de Portimão já roçava o inacreditável, o que visou Daniel Oliveira ultrapassou todas as fronteiras da má-criação. Não sou daqueles que defendem demissões a torto e a direito e não o faria agora. Mas por favor, modere-se!

 


Um bocadinho de bom senso, por favor


Se os critérios fossem inequívocos teria havido certamente menor margem para dúvidas e para abusos. Por outras palavras: talvez o plano de vacinação não tenha sido assim tão bem planeado.


A barafunda inenarrável que tem envolvido a administração das vacinas contra a covid-19 mostra, sem margem para contestação, que não basta darmos um nome bonito e moderno às coisas para elas funcionarem como desejamos. A designação escolhida pelo Governo – “Task Force do Plano de Vacinação” – prometia uma equipa altamente competente e eficaz. Em vez disso, o que temos visto são abusos, dúvidas, irregularidades.

Tem-se apontado o dedo aos que não tinham direito à vacina e a tomaram, aos que passaram à frente dos prioritários. E merecem ser repreendidos, ninguém pode dizer que não.

Mas julgo que se os critérios fossem inequívocos teria havido certamente menor margem para dúvidas e para abusos. Por outras palavras: talvez o plano de vacinação não tenha sido assim tão bem planeado.

Acontece que, feito o mal, parece haver muito quem queira agora compensar a falta de rigor que houve na hora do planeamento – e, já agora, da execução – com o excesso de rigor na hora de aplicar as sanções.

Diz-se que pode haver pessoas a morrer por não terem apanhado a vacina. Admito que sim (embora conheça casos de pessoas que depois de vacinadas ficaram infetadas na mesma). Mas daí a julgar e perseguir pessoas que tomaram indevidamente a vacina – os tais “fura-filas”, na expressão da bastonária dos enfermeiros – como se de homicidas se tratasse vai uma grande distância. Calma lá! Prender alguém (tem-se falado de penas até três anos) porque foi “chico-esperto” ou mesmo desrespeitador? Tenhamos um bocadinho de bom senso.

E, por falar em bom senso, uma palavra sobre as declarações da bastonária dos enfermeiros. Julgo que, na crise que atravessamos, devia contribuir para a boa ordem das coisas, não promover o ruído e fazer ainda mais confusão. Se o seu comentário sobre a autarca de Portimão já roçava o inacreditável, o que visou Daniel Oliveira ultrapassou todas as fronteiras da má-criação. Não sou daqueles que defendem demissões a torto e a direito e não o faria agora. Mas por favor, modere-se!