Chegou a Coimbra em outubro de 1955, vindo do Mindelo, ilha de São Vicente, em Cabo Verde, onde estudava no Liceu Gil Eanes e jogava na Académica do Mindelo. Com apenas 17 anos, abria-se-lhe um mundo novo. Chamava-se Jorge Humberto Gomes Nobre de Morais e não tardou a marcar três golos ao União de Coimbra pela equipa de juniores da Académica. Era um daqueles fulanos que pareciam saber sempre o lugar certo onde estar. No ano seguinte, Cândido de Oliveira apostou em Jorge Humberto para as primeiras categorias. Lesionou-se em Olhão. Ficou três meses sem jogar, mas a equipa continuou à sua espera.
Tinha uma capacidade de desmarcação impressionante e uma velocidade supersónica. Ainda por cima, marcava golos de vez em quando. Não era um avançado como Manuel António ou, depois, Artur Jorge. Preferia não se confinar ao espaço, para ele curto, da grande área.
Em julho de 1961, Jorge Humberto vivia na Rua do Norte, 23, rés-do-chão, ali junto à Sé Velha, com outros colegas estudantes. Aos 23 anos, o seu fito era concluir o curso de Medicina. Foi então que o telefone tocou. Chamada interurbana, de Milão. Helenio Herrera do outro lado do fio. Fora treinador do Belenenses, estava então no Inter. Helenio queria que Jorge fosse a Itália fazer um jogo à experiência, com o objetivo de fazer parte da equipa milanesa. O rapaz pensou que era uma brincadeira e desligou. Um minuto depois, o telefone voltou a tocar. O treinador estava furibundo. Iria mandar um telegrama.
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