José Hermano Saraiva elogiado por Marcelo durante comemorações do centenário do historiador

José Hermano Saraiva elogiado por Marcelo durante comemorações do centenário do historiador


“Aquele homem era mais, muito mais do que inteligência, brilho, curiosidade permanente, enciclopedismo raríssimo, inventiva e poder de palavra. Era emoção, era identificação pessoal com anseios, sonhos e esperanças dos tais milhões”, disse


Marcelo Rebelo de Sousa prestou, esta segunda-feira, homenagem a José Hermano Saraiva, numa sessão comemorativa do centenário do historiador, na Fundação Gulbenkian. O Presidente da República considerou que “ninguém usou com tanto brilho a oratória televisiva” como historiador, que “era um mágico do verbo”.

Marcelo partilhou recordações pessoais de José Hermano Saraiva, que considerava como um tio devido à proximidade do historiador com o seu pai, Baltazar Rebelo de Sousa.

"Quem o conhecesse sabia que experimentava uma complexa coabitação, para não dizer uma divisão inevitável entre o jurista, o professor e o advogado de um lado, e o salazarista, primeiro, e marcelista, depois, preocupado com a estabilidade, a segurança, a sanidade das contas públicas, a vivência da nação e o sonho do ainda império", acrescentou, falando do passado de José Hermano Saraiva como governante do Estado Novo.

O historiador foi elogiado por Marcelo, que fez questão de salientar que as capacidades oratórias e comunicativas faziam com quem este atravessasse “quadrantes de pensamento”. "Passados os tempos revolucionários, o jurista apaixonado pela História, o professor, o orador, o formador, o cidadão renasceram, ou melhor, reafirmaram o que nunca tinham deixado de ser, e chegaria aos milhares, aos milhões de portugueses como nunca o político poderia ter chegado", acrescentou.

O chefe de Estado terminou o seu discurso, que durou cerca de 25 minutos, dizendo que José Hermano Saraiva conquistou “um lugar privilegiado no coração fiel de milhares ou milhões de portugueses" devido ao afeto e que, por isso não teve apenas “popularidade, teve e mereceu celebridade”. Marcelo referiu-se ainda àqueles que “dele nunca gostaram”, que nunca compreenderam que “aquele homem era mais, muito mais do que inteligência, brilho, curiosidade permanente, enciclopedismo raríssimo, inventiva e poder de palavra. Era emoção, era identificação pessoal com anseios, sonhos e esperanças dos tais milhões", explicou.

"E isso é raro de se ganhar e é mais importante e duradouro do que a popularidade de cada momento. Por isso, cem anos depois, aqui estamos a testemunhar a nossa admiração e nossa gratidão", concluiu.