O combate à segregação e à pobreza


O facto de ser notório de que quem tem uma família com menos posses, empregos precários e ainda menos educação não tem as mesmas possibilidades de progredir resolve-se com quotas, hoje para etnias, amanhã para outros grupos desfavorecidos?


A criação de medidas para melhorar o acesso e integração de minorias étnicas no Ensino Superior e no emprego foi ontem remetida para a próxima legislatura. Depois da ideia de criação de quotas, a que aludiu Rui Pena Pires, membro da comissão permanente do PS, ter feito correr tinta, um relatório do Parlamento sobre Racismo, Xenofobia e Discriminação Étnico-racial em Portugal defende a discriminação positiva mas não avança com a proposta de criação de quotas. A opção foi esperar para ver as propostas dos partidos nas Legislativas. A preocupação com o racismo na sociedade portuguesa tem estado patente no debate público nos últimos meses, com o caso do bairro Jamaica a tornar de novo visível uma periferia onde persistem guetos. Medidas, soluções? Debatem-se e esfumam-se.

Mais recentemente, há pouco mais de duas semanas, a discussão era sobre o elevador social avariado num país onde continuam a existir cursos (públicos) para ricos e para pobres. Mais de 70% dos alunos de Medicina vêm de escolas privadas. Os debates surgem em separado, com abordagens segmentadas, como se a equação não fosse, em última instância, a mesma. E se as quotas podem ser um incentivo à integração, será que chegam para combater a segregação e o efeito em cadeia da pobreza ao longo da vida? O facto de ser notório de que quem tem uma família com menos posses, empregos precários e ainda menos educação não tem as mesmas possibilidades de progredir resolve-se com quotas, hoje para etnias, amanhã para outros grupos desfavorecidos? Outro estudo desses que vão sendo conhecidos de forma avulsa revelou, no ano passado, que apesar de uma melhoria no período pós-crise, Portugal continua a ter níveis de desigualdades sociais superiores às da Europa. É o problema de fundo. Há 2,2 milhões de portugueses em risco de pobreza ou exclusão social. Quem são? Saber talvez deitasse luz sobre um debate e um caminho que tem sido feito às partes e, em grande medida, parece continuar adiado.


O combate à segregação e à pobreza


O facto de ser notório de que quem tem uma família com menos posses, empregos precários e ainda menos educação não tem as mesmas possibilidades de progredir resolve-se com quotas, hoje para etnias, amanhã para outros grupos desfavorecidos?


A criação de medidas para melhorar o acesso e integração de minorias étnicas no Ensino Superior e no emprego foi ontem remetida para a próxima legislatura. Depois da ideia de criação de quotas, a que aludiu Rui Pena Pires, membro da comissão permanente do PS, ter feito correr tinta, um relatório do Parlamento sobre Racismo, Xenofobia e Discriminação Étnico-racial em Portugal defende a discriminação positiva mas não avança com a proposta de criação de quotas. A opção foi esperar para ver as propostas dos partidos nas Legislativas. A preocupação com o racismo na sociedade portuguesa tem estado patente no debate público nos últimos meses, com o caso do bairro Jamaica a tornar de novo visível uma periferia onde persistem guetos. Medidas, soluções? Debatem-se e esfumam-se.

Mais recentemente, há pouco mais de duas semanas, a discussão era sobre o elevador social avariado num país onde continuam a existir cursos (públicos) para ricos e para pobres. Mais de 70% dos alunos de Medicina vêm de escolas privadas. Os debates surgem em separado, com abordagens segmentadas, como se a equação não fosse, em última instância, a mesma. E se as quotas podem ser um incentivo à integração, será que chegam para combater a segregação e o efeito em cadeia da pobreza ao longo da vida? O facto de ser notório de que quem tem uma família com menos posses, empregos precários e ainda menos educação não tem as mesmas possibilidades de progredir resolve-se com quotas, hoje para etnias, amanhã para outros grupos desfavorecidos? Outro estudo desses que vão sendo conhecidos de forma avulsa revelou, no ano passado, que apesar de uma melhoria no período pós-crise, Portugal continua a ter níveis de desigualdades sociais superiores às da Europa. É o problema de fundo. Há 2,2 milhões de portugueses em risco de pobreza ou exclusão social. Quem são? Saber talvez deitasse luz sobre um debate e um caminho que tem sido feito às partes e, em grande medida, parece continuar adiado.