Crise. Marcelo quebra silêncio mas avisa que se pode repetir

Crise. Marcelo quebra silêncio mas avisa que se pode repetir


Presidente da República diz que ficou em silêncio “por necessidade” para ter “liberdade” de intervenção caso a crise entre o Parlamento e o Governo chegasse a uma situação limite. Marcelo garante que não recebeu nenhum partido. 


Dez dias depois do silêncio inédito, ontem, o Presidente da República assumiu que ao chegar da China foi surpreendido com a crise política – que resultou do tempo de serviço congelado aos professores – e deixou, desde já, o aviso que o silêncio pode repetir-se. 

“Quem intervém muitas vezes, não intervém por uma mania, por um estilo, por uma obsessão. Intervém por uma necessidade, e quando entende que a necessidade impõe estar calado uma semana, duas semanas, três semanas, tão depressa está calado como fala todos os dias”,  explicou o chefe de Estado. E num ano marcado por três eleições Marcelo Rebelo de Sousa avisa: “os portugueses têm de se habituar” porque o silêncio “pode repetir-se”.

Neste caso, o Presidente da República apontou três razões para a ausência de intervenções e lembrou que em situações semelhantes os anteriores chefes de Estado tomaram a mesma decisão. 

Desde logo, o Presidente da República diz que o silêncio resultou de “necessidade” para não perder “liberdade” para intervir. “Tudo o que dissesse naquele período acabava por limitar o meu espaço de liberdade”, explicou o chefe de Estado que considera que “os portugueses percebem perfeitamente” o silêncio do Presidente da República. 

Além disso, perante a “realidade nova” da primeira crise desta legislatura entre dois órgãos de soberania – a Assembleia da República e o Governo –  Marcelo Rebelo de Sousa decidiu “manter as mãos livres” caso tivesse de intervir para resolver a crise política que, em última instância, implicaria a demissão do Governo, ameaçou António Costa.

Por fim, o Presidente explicou que “não podia estar a pronunciar-se sobre uma lei que estava na última semana de aprovação” sobretudo quando a decisão do Parlamento era tomada a uma semana do arranque oficial da campanha para as europeias.  

Quando questionado sobre se promulgaria um diploma que reconhecesse aos docentes todo o tempo de serviço – nove anos, quatro meses e dois dias – Marcelo escusou-se a responder.    

Presidente nega conversa com líderes Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou ainda dizer que ficou surpreendido com a crise política, sendo que antes da viagem à China, que começou a 26 de abril, acrescentando que “não tinha dados nenhuns que apontassem para a necessidade de intervir preventivamente” de forma a evitar a situação. 

Além disso, o chefe de Estado garante que, enquanto se manteve em silêncio, não recebeu e nem falou com qualquer partido. “Não recebi nenhum líder durante aquele período”, sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa. Até porque, acrescentou, “não intervir significa não se pronunciar, não receber partidos políticos e significa não convocar partidos políticos”. 

Agora, terminada a crise política, o Presidente da República vai voltar a receber os partidos com assento parlamentar a dia 7 de junho.

Desde que regressou da China, a 2 de maio, Marcelo Rebelo de Sousa esteve apenas numa iniciativa pública, um encontro da associação empresarial Cotec, que decorreu em Nápoles, no dia 07 de maio.

Em contexto de campanha eleitoral, durante as próximas semanas, o Presidente da República vai continuar com “uma agenda muito apagada” e com “poucos atos públicos” para não interferir na ação dos partidos.