O poeta cabo-verdiano José Luiz Tavares vence Prémio INCM/Vasco Graça Moura

O poeta cabo-verdiano José Luiz Tavares vence Prémio INCM/Vasco Graça Moura


Este ano, o prémio INCM/Vasco Graça Moura era dedicado a obras de poesia inédita escritas em língua portuguesa e o vencedor foi o poeta cabo-verdiano que vive há muito uma existência discreta em Lisboa


"Instruções para Uso Posterior ao Naufrágio" é o título do livro que será publicado na colecção "Plural" da editora do Estado, em 2019. Além da edição do inédito, a título pecuniário o prémio da Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM) irá entregar a José Luiz Tavares 5000 euros. Depois de, na sua primeira edição (2015), o prémio ter sido atribuído a José Gardeazabal por um título, também de poesia, que não deixou grande marca e que é até difícil recordar, a atribuição do galardão à mais destacada voz da poesia cabo-verdiana, e a um autor que associa o rigor formal a uma séria exploração tanto rítmica quanto vocabular, oferece margem para que se antecipe com algum entusiasmo a obra que irá editar-se em breve.

Nascido a 10 de junho de 1967, em Chão Bom, no Tarrafal (ilha de Santiago), José Luiz Tavares estudou literatura e filosofia em Portugal. No ano passado, deitou contas aos 50 anos de vida, publicando "Rua Antes do Céu" (uma co-edição entre a editora portuguesa Abysmo e a cabo-verdiana Rosa de Porcelana), obra que havia sido já distinguida pela Academia Cabo-Verdiana de Letras. Neste livro, encontram-se versos tão sugestivos como estes: “à noite quando tudo dorme,/ e tu sozinho tremes no terraço/ esculpem-se ilhas na cabeça/ vastos desertos, a sombra do mar”. Ou estes: "a melhor dieta/ é o granito lambido pelo olhar pleno/ para se chegar ao segredo do mundo/ só um quantum de sol e aventura/ que o coração com sede de silvos/ tem ímpetos desabridos e pesam/ sem disfarces dentro do peito".

Entretanto, e enquanto esperamos pela edição da obra premiada, deve referir-se que o Prémio INCM/VGM, que existe desde 2015 e se propõe incentivar e estimular a promoção da língua e da cultura portuguesas, "sendo também a justa homenagem que a editora pública presta a um dos seus antigos diretores, Vasco Graça Moura, figura incontornável da vida intelectual e cultural de Portugal nos séculos XX e XXI", tem mantido a composição do seu júri inalterada deste a primeira edição. José Tolentino de Mendonça, preside-o, e Jorge Reis-Sá e Pedro Mexia são os outros membros.