Marcelo Rebelo de Sousa: o Presidente socialista que está nas mãos de Costa


Marcelo Rebelo de Sousa atua sistematicamente como um “co-primeiro-ministro”, um decisor político ao mesmo nível de António Costa 


1. Marcelo Rebelo de Sousa é o Presidente mais partidário que a democracia portuguesa já conheceu – partidário, note-se, a favor do Partido Socialista. Na verdade, Marcelo Rebelo de Sousa protege António Costa de uma forma evidente e esdrúxula que Jorge Sampaio sempre negou a António Guterres. Ou seja: Marcelo Rebelo de Sousa tem puxado pelo governo socialista de Costa, apoiado pela extrema-esquerda, de uma forma que Presidentes socialistas anteriores nunca haviam feito a governos socialistas que com eles coincidiram historicamente. Pelo contrário: Jorge Sampaio, por exemplo, sempre manteve o devido distanciamento crítico face a António Guterres, estabelecendo limites e fixando “linhas vermelhas” de seriedade inultrapassáveis (pense-se no caso Armando Vara). Isto em nome da seriedade e credibilidade do Estado – e, mesmo assim, não logrou evitar o pântano guterrista que acabaria (ironicamente, para ele; tragicamente, para nós) por derrubar o próprio António Guterres. 

2. Ora, Marcelo Rebelo de Sousa optou estranhamente por se assumir como o guardião da geringonça – o verdadeiro cheerleader do governo mentiroso e hipócrita de António Costa. Podemos, pois, afirmar, sem exagero nem falta de rigor analítico, que o Presidente Marcelo está infringindo o seu juramento de tomada de posse: ao invés de defender a Constituição, cumprindo as funções presidenciais previstas na nossa Constituição material (abrangendo igualmente as práticas e costumes constitucionais, para além do texto escrito e… estrito), Marcelo Rebelo de Sousa atua sistematicamente como um “co-primeiro-ministro”, um decisor político ao mesmo nível de António Costa. Assim foi logo nos seus primeiros meses, imiscuindo-se até em negócios privados e assuntos da exclusiva responsabilidade do governo. Assim continua, manifestando-se em dois episódios lamentáveis para a credibilidade (e saúde) da democracia portuguesa: referimo-nos à saída da procuradora Joana Marques Vidal e ao escândalo vergonhoso que é a novela tragicómica de Tancos. Com o adicional pitoresco de vermos o Presidente da República de Portugal a desdobrar-se em declarações, dia após dia, para repetir a mensagem da véspera – a de que o Presidente desconhecia a encenação de Tancos e que é um disparate sequer insinuar tal coisa. Ora, julgamos ser mais uma inovação da democracia pátria ter o mais alto magistrado da nação, nos últimos seis dias, a reproduzir a mesma mensagem, absolvendo-se a ele próprio, perante jornalistas que ouvem e se calam, não exercendo o saudável contraditório! Quem conhece bem Marcelo Rebelo de Sousa (e recordamos que somos amigos de Marcelo, pelo que o exercício da análise crítica, justa e imparcial quanto ao Presidente é particularmente dolorosa) sabe que o Presidente sabe mais do que diz – embora possa não saber tanto quanto nós julgamos que ele sabe. Confuso? Nada disso. Ora vejamos. 

3. Marcelo sabe mais do que diz que sabe. Confrontando as várias posições de Marcelo até ao momento, ficamos com a sensação clara de que o assunto Tancos incomoda o Presidente da República: Marcelo não está confortável nem de consciência absolutamente tranquila quanto ao fez (e ao que não fez) desde que este escândalo vergonhoso rebentou. Não deixa de ser estranho que o Presidente Marcelo, após tantas declarações a exigir o apuramento cabal do que sucedeu em Tancos, tenha aproveitado o discurso de ontem, na maior parada militar realizada em democracia, para apelar à não utilização das forças armadas como argumento de guerra política. Então em que ficamos? Marcelo quer o apuramento cabal do que aconteceu – ou quer esconder, apagar o assunto da agenda política, mais uma vez sonegando informação aos portugueses? A declaração de Marcelo proferida ontem é completamente estapafúrdia – e imprópria de um verdadeiro comandante supremo das forças armadas. Qual é o seu significado político? Apenas duas explicações são aventáveis. 

3.1 Primeiro, Marcelo Rebelo de Sousa teme que a investigação cabal, que “doa a quem doer”, revele que o Presidente sabe mais do que diz – e, perante tal cenário, Marcelo prefere desvalorizar o caso, sob o argumento de que o prestígio das forças armadas deve ser salvaguardado (que é o argumento típico utilizado quando os políticos estão enrascados….). 

3.2 Segundo, Marcelo Rebelo de Sousa quer defender António Costa e a geringonça porque politicamente lhe convém ter a esquerda no poder – e a direita (fraca) na oposição. Porque, verdadeiramente, a principal preocupação – neste como noutros casos – é sempre a mesma: manter a sua popularidade intacta. Entre a credibilidade das instituições e a sua popularidade, Marcelo Rebelo de Sousa não hesitará: escolherá sempre a sua popularidade. Acresce que Marcelo sabe que está indissociavelmente ligado a António Costa – o seu futuro político depende do futuro de António Costa. Qual é o problema estrutural do que ficou dito? É que, presentemente, Portugal não tem Presidente da República – tem dois primeiros-ministros, um que decide e outro que defende as decisões do seu parceiro. Ambos são objetivamente socialistas. Repare-se que Marcelo já nem diz que é o Presidente de todos os portugueses; neste aspeto, Marcelo não esconde a verdade: ele é o Presidente “co-primeiro-ministro” dos socialistas portugueses. Não por acaso, António Costa já veio colar-se ao discurso de Marcelo, repetindo as suas palavras! 

4. Por outro lado, Marcelo sabe menos do que aquilo que se diz que ele sabe: ou seja, acreditamos que Marcelo não participou, por ação ou omissão, na inventona que é uma intentona contra o prestígio das Forças Armadas Portuguesas. Tal seria a confirmação derradeira de que vivemos numa verdadeira república das bananas – e dos bananas. Não podemos acreditar: a nossa gloriosa pátria, a mais antiga da Europa, não poderia descer tão baixo…
5. Uma coisa é certa: o PS deve, por gratidão, começar já a construção de uma estátua, no Largo do Rato, em homenagem ao Presidente mais socialista que Portugal já teve – Marcelo Nuno Duarte Rebelo de Sousa.
 
joaolemosesteves@gmail.com 
Escreve à terça-feira


Marcelo Rebelo de Sousa: o Presidente socialista que está nas mãos de Costa


Marcelo Rebelo de Sousa atua sistematicamente como um “co-primeiro-ministro”, um decisor político ao mesmo nível de António Costa 


1. Marcelo Rebelo de Sousa é o Presidente mais partidário que a democracia portuguesa já conheceu – partidário, note-se, a favor do Partido Socialista. Na verdade, Marcelo Rebelo de Sousa protege António Costa de uma forma evidente e esdrúxula que Jorge Sampaio sempre negou a António Guterres. Ou seja: Marcelo Rebelo de Sousa tem puxado pelo governo socialista de Costa, apoiado pela extrema-esquerda, de uma forma que Presidentes socialistas anteriores nunca haviam feito a governos socialistas que com eles coincidiram historicamente. Pelo contrário: Jorge Sampaio, por exemplo, sempre manteve o devido distanciamento crítico face a António Guterres, estabelecendo limites e fixando “linhas vermelhas” de seriedade inultrapassáveis (pense-se no caso Armando Vara). Isto em nome da seriedade e credibilidade do Estado – e, mesmo assim, não logrou evitar o pântano guterrista que acabaria (ironicamente, para ele; tragicamente, para nós) por derrubar o próprio António Guterres. 

2. Ora, Marcelo Rebelo de Sousa optou estranhamente por se assumir como o guardião da geringonça – o verdadeiro cheerleader do governo mentiroso e hipócrita de António Costa. Podemos, pois, afirmar, sem exagero nem falta de rigor analítico, que o Presidente Marcelo está infringindo o seu juramento de tomada de posse: ao invés de defender a Constituição, cumprindo as funções presidenciais previstas na nossa Constituição material (abrangendo igualmente as práticas e costumes constitucionais, para além do texto escrito e… estrito), Marcelo Rebelo de Sousa atua sistematicamente como um “co-primeiro-ministro”, um decisor político ao mesmo nível de António Costa. Assim foi logo nos seus primeiros meses, imiscuindo-se até em negócios privados e assuntos da exclusiva responsabilidade do governo. Assim continua, manifestando-se em dois episódios lamentáveis para a credibilidade (e saúde) da democracia portuguesa: referimo-nos à saída da procuradora Joana Marques Vidal e ao escândalo vergonhoso que é a novela tragicómica de Tancos. Com o adicional pitoresco de vermos o Presidente da República de Portugal a desdobrar-se em declarações, dia após dia, para repetir a mensagem da véspera – a de que o Presidente desconhecia a encenação de Tancos e que é um disparate sequer insinuar tal coisa. Ora, julgamos ser mais uma inovação da democracia pátria ter o mais alto magistrado da nação, nos últimos seis dias, a reproduzir a mesma mensagem, absolvendo-se a ele próprio, perante jornalistas que ouvem e se calam, não exercendo o saudável contraditório! Quem conhece bem Marcelo Rebelo de Sousa (e recordamos que somos amigos de Marcelo, pelo que o exercício da análise crítica, justa e imparcial quanto ao Presidente é particularmente dolorosa) sabe que o Presidente sabe mais do que diz – embora possa não saber tanto quanto nós julgamos que ele sabe. Confuso? Nada disso. Ora vejamos. 

3. Marcelo sabe mais do que diz que sabe. Confrontando as várias posições de Marcelo até ao momento, ficamos com a sensação clara de que o assunto Tancos incomoda o Presidente da República: Marcelo não está confortável nem de consciência absolutamente tranquila quanto ao fez (e ao que não fez) desde que este escândalo vergonhoso rebentou. Não deixa de ser estranho que o Presidente Marcelo, após tantas declarações a exigir o apuramento cabal do que sucedeu em Tancos, tenha aproveitado o discurso de ontem, na maior parada militar realizada em democracia, para apelar à não utilização das forças armadas como argumento de guerra política. Então em que ficamos? Marcelo quer o apuramento cabal do que aconteceu – ou quer esconder, apagar o assunto da agenda política, mais uma vez sonegando informação aos portugueses? A declaração de Marcelo proferida ontem é completamente estapafúrdia – e imprópria de um verdadeiro comandante supremo das forças armadas. Qual é o seu significado político? Apenas duas explicações são aventáveis. 

3.1 Primeiro, Marcelo Rebelo de Sousa teme que a investigação cabal, que “doa a quem doer”, revele que o Presidente sabe mais do que diz – e, perante tal cenário, Marcelo prefere desvalorizar o caso, sob o argumento de que o prestígio das forças armadas deve ser salvaguardado (que é o argumento típico utilizado quando os políticos estão enrascados….). 

3.2 Segundo, Marcelo Rebelo de Sousa quer defender António Costa e a geringonça porque politicamente lhe convém ter a esquerda no poder – e a direita (fraca) na oposição. Porque, verdadeiramente, a principal preocupação – neste como noutros casos – é sempre a mesma: manter a sua popularidade intacta. Entre a credibilidade das instituições e a sua popularidade, Marcelo Rebelo de Sousa não hesitará: escolherá sempre a sua popularidade. Acresce que Marcelo sabe que está indissociavelmente ligado a António Costa – o seu futuro político depende do futuro de António Costa. Qual é o problema estrutural do que ficou dito? É que, presentemente, Portugal não tem Presidente da República – tem dois primeiros-ministros, um que decide e outro que defende as decisões do seu parceiro. Ambos são objetivamente socialistas. Repare-se que Marcelo já nem diz que é o Presidente de todos os portugueses; neste aspeto, Marcelo não esconde a verdade: ele é o Presidente “co-primeiro-ministro” dos socialistas portugueses. Não por acaso, António Costa já veio colar-se ao discurso de Marcelo, repetindo as suas palavras! 

4. Por outro lado, Marcelo sabe menos do que aquilo que se diz que ele sabe: ou seja, acreditamos que Marcelo não participou, por ação ou omissão, na inventona que é uma intentona contra o prestígio das Forças Armadas Portuguesas. Tal seria a confirmação derradeira de que vivemos numa verdadeira república das bananas – e dos bananas. Não podemos acreditar: a nossa gloriosa pátria, a mais antiga da Europa, não poderia descer tão baixo…
5. Uma coisa é certa: o PS deve, por gratidão, começar já a construção de uma estátua, no Largo do Rato, em homenagem ao Presidente mais socialista que Portugal já teve – Marcelo Nuno Duarte Rebelo de Sousa.
 
joaolemosesteves@gmail.com 
Escreve à terça-feira