Mau tempo resulta  de alterações climáticas,  diz especialista

Mau tempo resulta de alterações climáticas, diz especialista


Hoje e amanhã preveem-se melhorias, mas entre quinta e domingo a chuva regressa e em força. Até que ponto o tempo está a mudar?


O mau tempo que se tem feito sentir um pouco por todo o país  e os fenómenos mais extremos são consequência das alterações climáticas. Ao i, o especialista Filipe Duarte Santos explica que “devido ao aquecimento da atmosfera, o ar contém mais vapor de água. Tendo mais vapor de água, torna-se mais energético, por isso, quando chove há tendência a chover grandes quantidades, e isso tem associado um risco de inundação e de cheias”.

Para os próximos anos, o perito em clima prevê um agravamento da situação, não em termos de frequência mas de intensidade. “Na nossa região, a frequência da precipitação está a diminuir, mas a tendência é que venha a chover com uma intensidade cada vez maior”, diz Filipe Duarte Santos.

Apesar da chuva dos últimos dias, o país está em seca desde meados do ano passado. E essa, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), só acaba se se registar precipitação acima da média nos meses de março e abril. No entanto, há mais a dizer sobre a questão da seca: é que, segundo Filipe Duarte Santos, “há fundamentos científicos para afirmar que o clima do norte de África está a saltar e a passar para o sul da Europa, de maneira que o norte de África vai ficar mais desértico e nós vamos ficar mais áridos e mais quentes”. O especialista defende que a seca que por cá se tem feito sentir é evidência disso mesmo. E deixa outro alerta: “As secas estão-se a tornar mais frequentes e mais intensas.”

Tornados em Portugal? No domingo, a zona de Faro, no Algarve, foi atingida por um tornado que, entre outros prejuízos, resultou na destruição da vedação do estádio de Moncarapacho. Já no último dia de fevereiro, na quarta-feira, a zona tinha sido atingida pelo fenómeno.

O IPMA classificou a ocorrência deste domingo – mais grave e com mais estragos –  como um tornado de classe “F1” na escala de Fujita clássica, a segunda classe menos grave em seis. Uma comunidade cigana de cem pessoas ficou desalojada, caíram várias árvores e carros e iluminação pública ficaram danificados. E é possível que os tornados se tornem recorrentes no panorama climático português? “Acredito que venham a tornar-se mais frequentes como resultado das alterações climáticas, isso sem dúvida”, diz Duarte Santos.

Próximos dias Depois da tempestade vem a bonança. Ao i, fonte do IPMA disse que o estado do tempo vai melhorar nos próximos dias. “Para terça e quarta-feira prevê-se bastante nebulosidade, com uma acalmia  significativa das condições meteorológicas.” Mas para amanhã à noite prevê-se de novo um agravamento da meteorologia, com o céu a tornar-se muito nublado ou mesmo encoberto. Quinta, sexta, sábado e domingo serão dias de chuva, com agitação marítima forte.

Balanço Ontem, os estragos do mau tempo foram particularmente visíveis em Montalegre, distrito de Vila Real: 700 alunos ficaram em casa por causa da neve que caiu durante a manhã, que impediu as escolas de abrirem portas. Mais a sul, na região de Lisboa, a Transtejo suspendeu as ligações Montijo-Lisboa e Porto Brandão-Belém durante a manhã devido ao estado do mar – isto depois de um fim de semana em que a ligação Trafaria-Lisboa esteve intermitente. Estas não foram as primeiras vezes que a Transtejo decidiu interromper a circulação, reconhecendo fazê-lo sempre que o estado do tempo o justifica, por razões de segurança.