Quem os viu e quem os vê: os partidos que outrora pediam constantemente a demissão de membros do governo da coligação de direita são hoje os mesmos que se calaram perante a displicência, arrogância, falta de caráter, mesquinhez e incompetência da antiga ministra da Administração Interna. A isto se chama cegueira ideológica. A isto se chama falta de coluna vertebral. A isto se chama ser cúmplice de tudo aquilo que se passou. A isto se chama uma das maiores jogadas de oportunismo da história de Portugal.
O BE e o PCP estão desesperados. Depois de umas eleições autárquicas em que o primeiro afirmou a sua irrelevância nacional e o segundo teve a maior hecatombe autárquica da sua história, ambos ficaram a sentir-se perdidos.
Tanto na Soeiro Pereira Gomes como na Rua da Palma, os dirigentes da extrema-esquerda sabem bem que umas eleições legislativas antecipadas iriam ditar uma diminuição abrupta dos dois grupos parlamentares. Afinal, para que servem dois partidos de protesto que agora têm medo de protestar?
Acontece que BE e PCP estão bloqueados no seu próprio desespero. Como já aqui escrevi anteriormente, não podem protestar para não afetar o governo que apoiam e não podem deixar de ser partidos de protesto, senão perdem a sua razão de existir.
Na próxima semana, mais uma vez, os partidos à esquerda do PS não terão outra possibilidade que não votar contra a moção de censura proposta pelo CDS. Partidos que antes eram de combate irão comportar-se na Assembleia da República como aquilo em que se transformaram no dia em que assinaram o acordo da geringonça: meras muletas de um governo PS, travestidas de oposição.
No que concerne ao PCP, António Costa teve um mérito com esta “coligação”: fazer com que Portugal deixe de ser o único país europeu a ter um partido marxista-leninista com expressão eleitoral. Um partido que fecha constantemente os olhos ao que se passa em Cuba, na Coreia do Norte e na Venezuela. Um partido que não respeita a Europa, a propriedade privada e a meritocracia. Em suma, um partido que tentou transformar Portugal numa ditadura comunista como tantas outras que destruíram vários países por essa Europa fora.
Alguém que, como eu, acompanha de perto a vida política nacional pensava já ter visto tudo. Mas realmente nunca pensei ver o PCP e o BE serem dirigidos diretamente via Largo do Rato, tudo em prol de um ódio à coligação de direita que nos salvou da bancarrota. Como diria Churchill, “o orgulhoso prefere perder-se a perguntar o caminho”. Será que ainda há algum caminho para a extrema- -esquerda nacional?
Publicitário