Quando alguém lê um livro tem como exercício obrigatório, ao fim de cada página, de a voltar para poder continuar a leitura, mas não faz ideia do que vai encontrar, é o desconhecido que está do lado de lá, e é isso, por vezes, que desperta o interesse e a curiosidade e que apressa a leitura. Ora, a vida moderna quotidiana está, no seu dia-a-dia, a transformar-se num “livro”, em que só sabemos o dia de amanhã depois de virarmos a “página”, até lá estamos suspensos, ou seja, ansiosos, inquietos, à espera “do que aí vem”…
É este estado de espírito que é altamente desconcertante, que tem de ser combatido, para que seja possível “ganhar” (recuperar) uma aparente calma que permita viver com algum projecto para o futuro, em vez de viver o dia-a-dia típico de quem não tem futuro, nem com ele se preocupa. Tal significa que se esgotou o tempo de esperança para dar lugar ao tempo da desilusão, da frustração, do pesadelo, que leva a não querer sequer “abrir” o “livro”, quanto mais passar uma “folha” de cada vez.
Sem um projecto para o futuro, sem uma ideia do amanhã, o ser humano não vive, vegeta, ou sobrevive em condições miseráveis. Significa isto que temos que aprender a construir o nosso futuro colectivo, com todos, mas com um projecto solidário, em que todos sejam obrigados a participar, não permitindo, por isso, que alguém se auto-exclua. É este “princípio”, esta maneira de pensar e de “estar” na vida que estão na base daquilo a que hoje se chama de “Democracia” social e que evita “estados de alma” solitários que, inevitavelmente, só podem conduzir à depressão, ao isolamento e à morte.
Aquilo que se espera de um “líder” é que seja ele a “moldar” o futuro, que seja ele a traçar o “rumo” e a dar aos outros a ideia de futuro com projectos. É esse “líder” que o “grupo”, hoje, precisa, alguém que entenda por dentro todos os “assuntos”, que seja capaz de os tornar viáveis e que seja capaz, também, de transmitir, a todos, a vontade e a determinação, que tem de ser colectiva, para viabilizar todos os projectos para o futuro e assegurando ao país que “ele é uma mais-valia” para o país.
Sociólogo