Crianças com menos de 12 anos que integram grupos criminosos são usados como correios de droga ou de dinheiro, mas também se dedicam a assaltar menores da mesma idade.
Num relatório sobre a delinquência juvenil é referido que as autoridades, nos últimos dez meses, identificaram 64 menores de 12 anos, suspeitos integrarem grupos criminosos, um número que tem vindo a aumentar desde 2019.
A GNR identificou 55 crianças, enquanto a PSP, no mesmo período, encontrou nove.
Hugo Guinote, chefe de divisão de Prevenção Pública e Proximidade da Polícia de Segurança Pública, afirmou, em declarações à agência Lusa sobre o relatório, que estas crianças podem estar envolvidas em vários tipos de grupos. "Se estivermos a falar de um grupo que se dedica ao tráfico de droga, muitas vezes assumem os papéis de estarem a transportar as pequenas quantidades de droga ou de dinheiro", sublinhou, acrescentando que há também menores que se dedicam a roubos e furtos, sobretudo "a outras crianças mais ou menos da mesma idade".
Nessa situação, segundo o responsável, já não se trata do mesmo tipo de organização criminosa. “Estamos a falar de uma criminalidade grupal que não é propriamente um grupo com um caráter organizatório. Estes miúdos acabam por estar em grupo a cometer alguns crimes, mas não são um grupo muito grande", afirmou, destacando o facto de muitos destes menores andarem com armas brancas.
"Estas crianças estão todas em situação de perigo", fez ainda questão de assinalar, explicando que os casos são depois comunicados tribunal de família e menores, que pode decidir por retirar a guarda aos pais e colocá-los em instituições de apoio socais de apoio a crianças.
Como se trata de crianças com menos de 12 anos, os tribunais não enviam estes jovens para os centros de acolhimento, lembrou Hugo Guinote.
"O menor de 12 anos é sempre considerado vítima e, por isso, são acionadas as respostas da rede de proteção", acrescentou.
Na maioria dos casos, estes menores vivem com a família e frequentam a escola, mas muitas vezes, quem toma conta delas não são os pais, que estão sujeitos a horários de trabalho prolongados e que acabam por estar ausentes de casa.
“Estas crianças acabam, quando saem da escola, não tendo quem tome conta delas no agregado familiar, ou ficam entregues a outros parentes ou então ficam entregues a si próprios", alertou.