Na linha da frente contra os novos invasores


Estes [vírus] inimigos — novos ou velhos conhecidos — são como invasores em territórios desconhecidos, comparáveis aos persas avançando sobre as terras gregas. E, tal como então, se não forem travados, irão seguramente custar vidas e causar incapacidades a um número crescente de pessoas.


COVID-19 (SARS-CoV-2), Zika (Zika Virus), Gripe das Aves (H5N1), Dengue (Dengue Virus): estes são apenas alguns dos nomes que, nos últimos anos, passaram a integrar o nosso vocabulário. E muitos mais surgirão num futuro próximo, sejam eles vírus já conhecidos pelas gerações passadas, mas que, devido a uma multiplicidade de fatores, voltaram a ameaçar a saúde pública — como o caso do sarampo (Measles Virus) ou da infame poliomielite (Poliovirus), que estava praticamente erradicada em todo o mundo— ou novos agentes para nós, como o vírus da Febre Hemorrágica da Crimeia-Congo (lembram-se da primeira vítima mortal registada em Portugal no verão passado?), o Metapneumovírus Humano (HMPV), agora a propagar-se na China, ou ainda o Hantavírus, transmitido por roedores.

Estes inimigos — novos ou velhos conhecidos — são como invasores em territórios desconhecidos, comparáveis aos persas avançando sobre as terras gregas. E, tal como então, se não forem travados, irão seguramente custar vidas e causar incapacidades a um número crescente de pessoas. Precisamos do nosso general Leónidas (Esparta, 540 a.C. — Termópilas, 480 a.C.)! Na verdade, todos temos a responsabilidade moral de ser esse general: desde estudantes e professores, operários e gestores de empresas, até jornalistas, ministros e cidadãos comuns, esta guerra, que é real, diz respeito a todos.

Se simplesmente delegarmos a responsabilidade àqueles que estão na linha da frente — médicos, profissionais de saúde, investigadores e organizações como a Organização Mundial da Saúde (OMS) —, este exército espartano, por mais valente que seja, não conseguirá conter um inimigo em constante mutação e com reforços numéricos incessantes.

Mas o que explica o surgimento de “novos” vírus e o regresso de outros que julgávamos controlados? Tal como muitas civilizações antigas que sucumbiram por excesso de confiança, tornámo-nos demasiado convencidos, desprezando o sentido de comunidade. Achamo-nos no direito de tudo fazer e decidir unilateralmente: “Eu acho que não devo vacinar os meus filhos porque li um texto mandado pela Mariazinha que me dizia que fazia mal”, não acreditando nas décadas de investigação levadas a cabo pela vasta comunidade científica.

Claro que não são apenas as escolhas individuais que alimentam o problema. As alterações climáticas criam condições propícias para novos microrganismos e vetores em regiões onde antes não sobreviviam. A desflorestação desenfreada expõe populações humanas a animais e agentes patógenicos com os quais nunca haviam estado em contacto, potenciando o salto interespécies, podendo originar novas doenças.

A desinformação, muitas vezes incentivada por audiências sensacionalistas e com voz crescente nas redes sociais, em detrimento de uma visão plural e credível, agrava a situação. A política, por sua vez, recorre frequentemente a medidas “tímidas” para não alienar parte do eleitorado. O problema não está apenas no “eu”, no “tu” ou no “ele”, mas em todos “nós”. Todos somos uma parte do problema, mas também todos podemos (e devemos) ser uma parte da solução.

Tal como os 300 soldados de Esparta liderados por Leónidas lutaram até à última gota do seu suor, nós – os exércitos da linha da frente – também lutaremos “de pé” contra estes novos invasores. Contudo, sem o apoio de todos, corremos o risco, tal como em Termopolis, de perecer perante inimigos cada vez mais perigosos e numerosos.

Todos temos o dever de nos juntarmos a esta batalha e cumprir o nosso papel — como Leónidas cumpriu o dele. Afinal, a sobrevivência não é apenas uma questão de resistência individual, mas de união coletiva.

Investigadores do Laboratório de Análises do Instituto Superior Técnico

Na linha da frente contra os novos invasores


Estes [vírus] inimigos — novos ou velhos conhecidos — são como invasores em territórios desconhecidos, comparáveis aos persas avançando sobre as terras gregas. E, tal como então, se não forem travados, irão seguramente custar vidas e causar incapacidades a um número crescente de pessoas.


COVID-19 (SARS-CoV-2), Zika (Zika Virus), Gripe das Aves (H5N1), Dengue (Dengue Virus): estes são apenas alguns dos nomes que, nos últimos anos, passaram a integrar o nosso vocabulário. E muitos mais surgirão num futuro próximo, sejam eles vírus já conhecidos pelas gerações passadas, mas que, devido a uma multiplicidade de fatores, voltaram a ameaçar a saúde pública — como o caso do sarampo (Measles Virus) ou da infame poliomielite (Poliovirus), que estava praticamente erradicada em todo o mundo— ou novos agentes para nós, como o vírus da Febre Hemorrágica da Crimeia-Congo (lembram-se da primeira vítima mortal registada em Portugal no verão passado?), o Metapneumovírus Humano (HMPV), agora a propagar-se na China, ou ainda o Hantavírus, transmitido por roedores.

Estes inimigos — novos ou velhos conhecidos — são como invasores em territórios desconhecidos, comparáveis aos persas avançando sobre as terras gregas. E, tal como então, se não forem travados, irão seguramente custar vidas e causar incapacidades a um número crescente de pessoas. Precisamos do nosso general Leónidas (Esparta, 540 a.C. — Termópilas, 480 a.C.)! Na verdade, todos temos a responsabilidade moral de ser esse general: desde estudantes e professores, operários e gestores de empresas, até jornalistas, ministros e cidadãos comuns, esta guerra, que é real, diz respeito a todos.

Se simplesmente delegarmos a responsabilidade àqueles que estão na linha da frente — médicos, profissionais de saúde, investigadores e organizações como a Organização Mundial da Saúde (OMS) —, este exército espartano, por mais valente que seja, não conseguirá conter um inimigo em constante mutação e com reforços numéricos incessantes.

Mas o que explica o surgimento de “novos” vírus e o regresso de outros que julgávamos controlados? Tal como muitas civilizações antigas que sucumbiram por excesso de confiança, tornámo-nos demasiado convencidos, desprezando o sentido de comunidade. Achamo-nos no direito de tudo fazer e decidir unilateralmente: “Eu acho que não devo vacinar os meus filhos porque li um texto mandado pela Mariazinha que me dizia que fazia mal”, não acreditando nas décadas de investigação levadas a cabo pela vasta comunidade científica.

Claro que não são apenas as escolhas individuais que alimentam o problema. As alterações climáticas criam condições propícias para novos microrganismos e vetores em regiões onde antes não sobreviviam. A desflorestação desenfreada expõe populações humanas a animais e agentes patógenicos com os quais nunca haviam estado em contacto, potenciando o salto interespécies, podendo originar novas doenças.

A desinformação, muitas vezes incentivada por audiências sensacionalistas e com voz crescente nas redes sociais, em detrimento de uma visão plural e credível, agrava a situação. A política, por sua vez, recorre frequentemente a medidas “tímidas” para não alienar parte do eleitorado. O problema não está apenas no “eu”, no “tu” ou no “ele”, mas em todos “nós”. Todos somos uma parte do problema, mas também todos podemos (e devemos) ser uma parte da solução.

Tal como os 300 soldados de Esparta liderados por Leónidas lutaram até à última gota do seu suor, nós – os exércitos da linha da frente – também lutaremos “de pé” contra estes novos invasores. Contudo, sem o apoio de todos, corremos o risco, tal como em Termopolis, de perecer perante inimigos cada vez mais perigosos e numerosos.

Todos temos o dever de nos juntarmos a esta batalha e cumprir o nosso papel — como Leónidas cumpriu o dele. Afinal, a sobrevivência não é apenas uma questão de resistência individual, mas de união coletiva.

Investigadores do Laboratório de Análises do Instituto Superior Técnico