A marca de preservativos Control, sobejamente conhecida em Portugal é reconhecida pela sua comunicação guerrilheira e arrojada. Isso tem-lhe valido muitos posts, publicações e partilhas, uma vez que, brincam com situações do nosso quotidiano para projetar de forma leve e descontraída a dinâmica sexual, tema muitas vezes tabu, sobretudo em países mais conservadores como o nosso. É aliás das poucas marcas que hoje em dia sai do marasmo comunicacional corporativo, onde tudo parece saber ao mesmo e pouco existe que se destaque ou ganhe força muito à custa das novas sensibilidades e do politicamente correto em que nada se pode dizer para não ofender quem com pouco se ofende. Isso tem tornado a publicidade enfadonha e sensaborona e quando disruptiva é sempre mais para o lado emocional do que propriamente para a comédia.
A verdade é que muita gente defende que se pode fazer comédia com tudo, que isso é que é liberdade mas depois quando lhes toca a eles enchem-se de “mimimis” e revoltam-se contra aquilo que entendem ser um pisar uma suposta e imaginária linha vermelha. Desta vez e, por ocasião do São Martinho, época que cá em Portugal é muito associada às castanhas assadas, a Control lançou uma publicação em que aparecia o dito fruto seco com a frase “O pior é quando a descascas e vês que tem minhoca” fazendo alusão à transexualidade e brincando com o assunto. Logo se insurgiram várias vozes ligadas ao movimento Wok que acharam um escândalo e uma falta de respeito. Os mesmos que não veem mal em fazer piadas sobre a igreja Católica mas que acham um despautério falar-se sobre o islamismo, os que defendem uma ditadura do politicamente correto, disfarçada de boas intenções em que só o que eles validam é que deve ser lei.
Ao contrário, do que imaginava, foi forte o suficiente para que a marca recuasse e se justificasse com um “o limite do humor é um limbo de sensibilidades. O post da castanha teve graça para muitos, mas ofendeu outros tantos e esse é obviamente o nosso limite. Agradecemos por isso a tod@s. Aos que sorriram e elogiaram, mas mais ainda aos que nos chamaram à razão. Seguimos junt@s! Love u”. Ou seja, parece que a castanha pode ser feita em barro, alumínio ou no forno mas quando cai no Wok(e) lá vem a política de cancelamento do costume fazer valer as suas ideias extremistas.
Tenho realmente pena que marcas como a Control que marcam a diferença pela sua forma de comunicar descomprometida e brincalhona cedam a estes novos polícias dos costumes aceitando passar pelo crivo do lápis azul tão característico de outros tempos que curiosamente estas pessoas tanto dizem combater. E lá vão eles, descendo alegremente a Avenida, no dia 25 de Abril…