Mudam os números e a cor dos autocarros. “Com o tempo, tudo vai correr bem”

Mudam os números e a cor dos autocarros. “Com o tempo, tudo vai correr bem”


Da margem Sul a Cascais, autocarros da grande Lisboa vão passar a ser todos amarelos. Nesta quarta-feira, a operação arrancará nos municípios de Alcochete, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal. Carlos Humberto de Carvalho, primeiro-secretário da AML, sublinha ao i que a oferta vai melhorar.  


A partir de hoje, a Área Metropolitana de Lisboa será dominada pela cor amarela, dando as boas-vindas à Carris Metropolitana, a nova empresa de transportes que entrará em funcionamento em duas fases distintas: a primeira, neste dia 1 de junho, e a segunda daqui a um mês.

Neste primeiro momento, abrangerá os municípios de Alcochete, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal (a área 4 da operação) e contará com 237 autocarros, que farão cerca de 365 percursos em aproximadamente 153 linhas, sendo os autocarros a circular nestes concelhos totalmente novos. Daqui a 30 dias, será a vez de ser recebida nos municípios correspondentes às áreas 1 (Amadora, Cascais, Lisboa, Oeiras e Sintra), 2 (Loures, Mafra, Odivelas e Vila Franca de Xira) e 3 (Almada, Seixal, Sesimbra).

“Esperamos melhor oferta e carros significativamente mais novos. A média é de 15 anos e a frota vai ter menos de 1 ano. A carreira que entra em funcionamento amanhã, por exemplo, tem idade zero”, começa por explicar, em declarações ao i, o primeiro-secretário da Área Metropolitana de Lisboa, Carlos Humberto de Carvalho.

“Vamos crescer à volta de 35% em todo o tipo de carreiras, desde as longas até às mais curtas. Os autocarros serão quase todos acessíveis para pessoas com mobilidade reduzida. Têm também a possibilidade de carregar gadgets”, garante o dirigente reeleito para o mandato 2021-2025, avançando as carreiras que cada área englobará.

“A área 1 engloba as carreiras dos municípios da Amadora, Oeiras e Sintra, e intermunicipais de ligação a Lisboa e Cascais, que vão ser operadas pela empresa Viação Alvorada, tendo 133 linhas. Destas, 35 são novas”, afirma, declarando que, relativamente à área 2, que “corresponde aos municípios de Mafra, Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira (operados pela empresa Rodoviária de Lisboa) e intermunicipais de ligação a Lisboa”, os passageiros poderão contar “com 218 linhas e, destas, 31 são novas”.

Já naquilo que diz respeito à área 3, esta abarca “Almada, Seixal e Sesimbra, será operada pela empresa Arriva, e intermunicipais de ligação ao Barreiro e Lisboa, com 116 linhas”, sendo que, do total, 43 são novas. Por fim, a área 4 integra “os municípios de Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal e será operada pela empresa Alça Todi, e intermunicipais de ligação ao Barreiro e Lisboa”, prevendo “111 linhas, das quais 21 são novas”.

E a numeração? “Altera-se a numeração e as pessoas vão habituar-se. Primeiro, existirão dúvidas, mas ao longo do tempo vão dissipar-se. Vai haver um aumento significativo de informação. É natural que, nos primeiros momentos, haja erros e insuficiências. É um processo tão disruptivo, com uma dimensão tão grande, que é natural que haja problemas”, adianta Carlos Humberto de Carvalho, realçando que cada linha terá agora quatro dígitos: o primeiro corresponde à área em que o concelho se situa e o segundo identifica o concelho onde circula, sendo que os dois restantes números prendem-se com a linha.

Por exemplo, se quisermos fazer este exercício com as linhas que entram em funcionamento esta quarta-feira, podemos recorrer ao exemplo do autocarro 768, antes operado pela Transportes Sul do Tejo, que circula entre Palmela (Terminal) e Vila Nogueira de Azeitão, sendo que passará a ser o 4550, pois faz parte da área 4 e circula entre concelhos (5) da mesma área.

Para não nos enganarmos neste primeiro mês, devemos ter em mente os números dos autocarros que vão circular nos diferentes concelhos da área 4, que começam da seguinte forma: Alcochete (40XX), Moita (41XX), Montijo (42XX), Palmela (43XX), Setúbal (44XX), aqueles que circulam entre municípios da área 4 (45XX), os que circulam para outros municípios fora da área 4 e Barreiro (46XX), aqueles que circulam para Lisboa e para outros municípios (47XX) e os que circulam para fora da AML (49XX).

Utilizadores pouco convencidos “Não concordo com a mudança dos números. Toda a gente sabe que se tiver só dois dígitos é Vimeca, se for 700 e tal é Carris e 100 e qualquer coisa é TST. Vai gerar uma confusão danada”, aponta Margarida, estudante universitária de 23 anos, enquanto Marta, de 25, indica que, na sua perspetiva, “em Portugal, os transportes públicos são péssimos”, criticando os preços que os portugueses pagam pela mobilidade “num país minúsculo”. “Não dão condições às pessoas para largarem os carros. Era muito mais fácil andarmos bem de transportes”, desabafa.

“Em setembro, temos de fazer alterações de oferta e em janeiro de 2023 mais alterações independentemente das pequenas alterações diárias de itinerário. Estamos e vamos continuar a distribuir folhetos para quem não está familiarizado com as novas tecnologias e os agentes estão prontos para explicar o que mudará”, assevera o primeiro-secretário da AML.

“Diria que, com o tempo, tudo vai correr bem. Este processo começou com a criação do passe Navegante e sabíamos que este seria o segundo grande momento. É uma linha contínua que estava programada e vai ter alguns problemas fruto do momento que estamos a viver, por exemplo, dificuldades de aquisição de materiais”, remata, recordando o surgimento do passe navegante metropolitano e dos 18 passes navegante municipal (um para cada município). 

Como ter acesso às novas informações? Em www.carrismetropolitana.pt/#conversorDeLinhas, podemos pesquisar as linhas antigas para obtermos a correspondência com as novas. É possível, igualmente, fazer esta pesquisa por operador e município, existindo a lista das novas linhas por município. Exemplificando: se optarmos por Oeiras, deparamos com oito entradas: 1501 Alfragide – Reboleira (Estação) | Circular, 1506 Amadora Hospital | Circular, via Alfragide, 1520 Algés (Terminal) – Cacém (Estação), 1521 Algés (Terminal) – Cacém (Estação), via A5, 1605 Carnaxide (Av. João Paulo II) – Nova SBE, 1606 Carnaxide (Av. João Paulo II) – Nova SBE, via Terrugem, 1612 Cacém (Estação) – Carcavelos (Estação) e 1731 Cacém (Estação) – Hospital São Francisco Xavier.

Na homepage, em www.carrismetropolitana.pt, é possível conhecer os horários. “Saiba quando passa o seu autocarro”, lemos a negrito, recebendo as instruções: “clique numa paragem e saiba quando vem o próximo”, “indique quando pretende viajar, e veja o horário”, “veja o horário do dia escolhido” e “construa o seu horário com dias de operação específicos”. 

Se necessitar de mais esclarecimentos, a Carris Metropolitana disponibilizou uma linha telefónica (210 418 800).

Segundo a Carris Metropolitana havia veiculado e a AML confirma agora ao i, os preços vão variar consoante o tipo de linha e serão mais reduzidos se adquirir o título de transporte pré-pago e mais elevados a bordo: na Linha Próxima ((carreiras de proximidade – azul), pagará 0,85 ou 1,25 euros; na Linha Urbana (maioria das carreiras com serviço regular – vermelha) 1,55 ou 2,60 euros, na Linha Rápida (ligações directas sobretudo em auto-estrada – amarela) 3,10 ou 4,50 euros e, por último, na Linha inter-regional (para viajar para fora da AML – cor-de-rosa) entre 2,60 ou 3,60 euros. Para além destas, serão desenvolvidas as linhas Praia (verde) e Turística (laranja). 

Apesar de todas as mudanças, poderá utilizar as diferentes tipologias de passe navegante® da mesma forma que anteriormente, seja nos autocarros da Carris, seja nos autocarros da Carris Metropolitana, podendo esclarecer questões através de 370 painéis de informação ao público que serão disponibilizados, para além dos agentes habituais, da aplicação, dos folhetos e do site oficial.

“Até ao final do ano, para facilitarmos este processo, esperamos ter a nossa aplicação lançada com horários e linhas, a possibilidade de validação do título de transporte com o telemóvel e a compra de viagens”, esclarece Carlos Humberto de Carvalho, frisando que o slogan da Carris Metropolitana é “A Mobilidade Coletiva, mais simples, mais próxima e criada para o passageiro”.

“Temos o desejo de que a nova realidade traga uma clara mais-valia para os milhares de munícipes da área metropolitana de Lisboa e que a operação permita trazer cada vez mais pessoas para as vantagens da utilização dos transportes públicos”, indica, em declarações ao i, à sua vez, a Câmara Municipal de Lisboa. No início de abril, o presidente Carlos Moedas reforçou a importância de “uma mobilidade conectada e acessível que sirva os cidadãos” e o caminho “do transporte público gratuito”. 

Na ótica do dirigente social-democrata – que falava no decorrer de uma cerimónia, no Pátio da Galé, que contou com a presença da presidente do Conselho Metropolitano de Lisboa, Carla Tavares, e do ministro do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro, que destacou a “importância transformadora desta medida” –, está-se “em condições de apresentar uma proposta que garanta esta gratuitidade na cidade de Lisboa” para jovens e maiores de 65 anos, tendo salientado que a oferta de transporte aumenta em 35%, com 1.500 viaturas e 820 novas linhas, dentro dos municípios, e entre os 18 municípios da AML.

Notícia corrigida às 16h40 do dia 2 de junho de 2022: na edição impressa do i, lê-se que o percurso do autocarro 750 da Carris foi modificado, mas o mesmo foi confundido com o autocarro 750 da Rodoviária de Lisboa
Agradecimento especial ao portal "Lisboa Para Pessoas"