Os últimos quatro membros de uma delegação da República Democrática do Congo (RDCongo), reféns de um grupo armado com o qual negociavam em Ituri há quase dois meses, foram libertados, segundo fontes próximas do exército congolês à Efe.
O coordenador da missão, Thomas Lubanga (um antigo criminoso de guerra condenado pelo Tribunal Penal Internacional a 14 anos de prisão por recrutamento de crianças-soldados), o seu número dois e também "senhor da guerra", Floribert Ndjabu, e ainda dois coronéis do exército congolês mantidos reféns desde meados de fevereiro, foram libertados, segundo Jean Baptiste Openji, coordenador do organização da sociedade civil, "Allez-y les FARDC", que apoia as operações dos militares congoleses na província de Ituri, nordeste do país, em declarações à agência espanhola de notícias.
"Foram libertados e estão atualmente com o pessoal do exército em Bunia. Estão aparentemente bem, mas penso que serão submetidos a exames médicos", disse Openji.
Três outros membros da mesma missão já tinham sido libertados em 5 de abril e um primeiro refém tinha libertado em 21 de março.
Os três reféns libertados no início do mês foram outro ex-senhor da guerra, Germain Katanga, o presidente da União das Associações Culturais para o Desenvolvimento de Ituri (Unadi, na sigla em francês), Janvier Ayendu Bin Ekwale, e o motorista do grupo.
O rapto teve lugar em 16 de fevereiro no território de Djugu, em Ituri, quando a Codeco e os membros de uma missão constituída pelo Presidente da RDCongo, Félix Tshisekedi, se encontravam a negociar um cessar-fogo e a desmobilização dos rebeldes.
Desde então, os membros da milícia deram a conhecer várias condições para a libertação dos detidos, nomeadamente a libertação dos prisioneiros da Codeco e membros da comunidade Lendu, "detidos arbitrariamente", a cessação das operações militares e o levantamento do estado de sítio na região.
Segundo os meios de comunicação locais, o rapto foi aparentemente motivado como retaliação por um ataque do exército congolês numa área próxima do local onde as negociações estavam a decorrer.
A Codeco é um grupo rebelde pouco conhecido, constituído em 2018 com o objetivo de combater os abusos do exército congolês, responsável por numerosos massacres de civis, que multiplicou os seus ataques ao longo do último ano em Ituri.
Desde meados de novembro último, alegados membros deste grupo armado atacaram várias concentrações de população deslocada em Ituri, matando dezenas de pessoas.
A ONU tem condenado repetidamente estes ataques.
De acordo com o gabinete do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, a Codeco matou mais de 400 pessoas em 2021, o que faz do grupo armado a segunda milícia mais mortífera da região atualmente.
O leste da RDCongo é desde 1998 palco de conflitos alimentados por milícias rebeldes e ataques de soldados do exército congolês, não obstante a presença da missão de manutenção da paz das Nações Unidas (MONUSCO), que tem mais de 14.000 soldados destacados no país.
Segundo o Barómetro de Segurança de Kivu (KST), uma organização não-governamental, a região é o campo de batalha de, pelo menos, 122 grupos rebeldes.