Lagoa de Santo André não será aberta ao mar este ano devido à seca

Lagoa de Santo André não será aberta ao mar este ano devido à seca


Operação que é feita todos os anos já tinha sido adiada e foi agora cancelada pela APA e pelo ICNF. Pelo menos desde o século XVII que a dantes chamada Lagoa da Pera é ligada artificialmente ao mar abrindo caminho pela areia


É um acontecimento anual que costuma atrair curiosos a Vila Nova de Santo André em Santiago do Cacém mas este ano não terá lugar: a lagoa de Santo André não será aberta ao mar, anunciou a Agência Portuguesa do Ambiente, invocando a situação de seca extrema e o impacto que avançar no final do mês, como estava previsto, teria nos ecossistemas. 
A intervenção ecológica passa por romper a barra de areia que separa a lagoa do mar, permitindo à água circular. “Com efeito, o volume extremamente baixo de água acumulada na lagoa, que se verifica no presente ano, não terá potencial hidráulico suficientemente forte para garantir a limpeza dos fundos no momento do rompimento da barra e, bem assim, para manter o canal aberto durante um período de tempo razoável, de forma a permitir garantir a troca de água doce e salgada em volumes minimamente razoáveis”, justificaram numa nota enviada às redações a APA e o ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, explicando que o processo que inicialmente estava previsto para 18 de março e tinha sido remarcado para 31 de março poderia ser prejudicial para a comunidade de peixes, por se prever que a água da lagoa viesse a ficar ainda mais baixa e já não ajudaria à entrada de enguias juvenis. “A abertura da lagoa, a realizar-se nesta data assumidamente tardia, em matéria de variedade de peixes, não iria resultar na entrada no sistema de alevins de enguia prateada”, dizem ainda. Em contrapartida, a intervenção teria impacto nas aves protegidas que por esta altura, em plena época de reprodução, já têm ninhos construídos e posturas iniciadas junto à lagoa.   
No passado, a lagoa de Santo André era chamada de lagoa da Pera, a sua forma, e tinha ligação permanente ao mar mas pelo menos desde os finais do século XVII que há relatos do banco de areia ter de ser rompido artificialmente por volta de março, recordou num webinar em fevereiro Anabela Cruces, da Faculdade de Engenharia da Universidade Lusófona, citando regras sobre a utilização da lagoa de 1618 em que quem a abrisse ou mandasse abrir sem licença estava sujeito a uma pena de 6 mil reis.