Imobiliário. Guerra abala investimento, mas preços das casas não deverão baixar

Imobiliário. Guerra abala investimento, mas preços das casas não deverão baixar


Investidores russos sempre tiveram “um papel importante” em Portugal, devido aos vistos gold, e há vários investidores com planos em stand by.


É certo que as consequências da invasão russa na Ucrânia já se fazem sentir, com principal destaque para o aumento dos preços dos combustíveis. Mas é também certo que haverá muitos outros setores afetados e o do imobiliário poderá ser um deles. Quem o garante é Nuno Garcia, diretor-geral da GesConsult. “A guerra trouxe-nos novamente a incerteza de como os mercados de forma geral irão reagir e o aumento do custo da construção, diretamente afetado pelo constante aumento do preço do petróleo”, começa por dizer ao i. E não tem dúvidas: “É certo, por isso, que o próprio investimento imobiliário ficará abalado”.

Nuno Garcia lembra que os investidores russos sempre tiveram “um papel importante” no nosso país, principalmente devido aos vistos gold. E recorda dados do SEF que dão conta que a Rússia foi o quarto país que mais investiu em Portugal através destes vistos, com foco no imobiliário. E é aqui que as principais consequências podem chegar: “Agora, com o conflito, a situação altera-se, claro. Vários investidores estão a pôr em stand-by os seus planos, devido a uma incerteza muito grande, o que poderá trazer consequências económicas para o setor”, defende o responsável.

Anexado ao setor do imobiliário está o da construção, cujos preços têm disparado nos últimos meses. Nuno Garcia acredita que essa tendência “continua e vai continuar”. Lembra que “a crise no setor da construção já era conhecida” e que, agora, “com o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, vai agravar-se e os custos da construção vão continuar, tendencialmente, a subir”, diz, acrescentando que “falta-nos matéria-prima, falta-nos mão de obra e, agora, os custos de logística e transporte subiram exponencialmente. É uma situação que muito nos preocupa e que tem de ser bem estudada”.

Questionado sobre se serão sentidos no imediato ou mais à frente, o diretor-geral da GesConsult diz que os impactos “estão prestes a fazer-se sentir” uma vez que os que “já existiam estão a ser acelerados pela guerra, portanto é importante que os responsáveis políticos criem estratégias de resposta rápida”.

No que diz respeito à reação dos investidores, não há dúvidas que existe muita “incerteza”, ainda que Nuno Garcia note que “o investimento imobiliário continua a ser um porto de abrigo, portanto não tenho dúvidas de que os indicadores se vão manter no positivo”.

E o preço das casas? Numa altura em que os preços das casas têm continuado a subir e que a avaliação bancária tem atingido máximos, o responsável não acredita que a guerra faça os preços cair. “Vai ter o efeito contrário”, garante ao i. E justifica a opinião: “O preço das casas vai aumentar devido ao preço da construção, especialmente das matérias-primas e da mão-de-obra, e dificilmente voltará ao “normal” – sendo que o normal já representava valores quase insuportáveis”.