Tiago Mayan diz que João Ferreira “está preso no século XIX” ao criticar “ideologia comunista” do candidato do PCP

Tiago Mayan diz que João Ferreira “está preso no século XIX” ao criticar “ideologia comunista” do candidato do PCP


João Ferreira e Tiago Mayan Gonçalves encontraram-se num braço de ferro, em que os dois candidatos mediram as forças das ideologias opostas que defendem.


O debate presidencial entre João Ferreira e Tiago Mayan Gonçalves, transmitido pela TVI 24, iniciou-se com o tema da pandemia e os respetivos assuntos tais como a sua evolução, Serviço Nacional de Saúde (SNS) e o estado de emergência.

Ambos candidatos, com os seus argumentos, chegaram ao mesmo consenso sobre a renovação do estado de emergência. João Ferreira admitiu que “o estado de emergência não contribuiu em nada para adotar as medidas imprescindíveis para reduzir os casos” e criou medidas “perversas”, que Tiago Mayan também evidenciou momentos mais tarde como a concentração de pessoas num horário mais reduzido.

Para João Ferreira, as medidas de emergência concentram-se no reforço do SNS – intervenções nos cuidados intensivos e nos rastreios e controlo das cadeias de transmissão -, proteção dos lares e ainda controlar a proteção dos transportes públicos e equipamentos públicos.

O candidato do PCP insistiu ao dizer que estas medidas são possíveis de adotar sem estar sob o estado de emergência, ao contrário das que foram tomadas pelo governo que não ajudaram a diminuir os casos. “Eu não me revejo numa dicotomia entre a saúde e a economia. Temos é de criar as condições para defender a saúde das pessoas garantindo que a vida continua nas suas variadas dimensões”, assume João Ferreira. Recorde-se que Portugal ultrapassou a barreira dos 10 mil casos diários.

“Isto é uma prova do falhanço do Governo na gestão desta pandemia”, avança de seguida Tiago Mayan Gonçalves, avisando que “as famílias não aguentam, os jovens não aguentam, os pequenos e médios empresários não aguentam. Temos de fazer o que ainda não fizemos: usar toda a capacidade instalada do país, algo que não está a ser feito por preconceito ideológico do Governo”. Ao concluir, Mayan reforça que novo confinamento levaria o país à destruição, “a pobreza também mata”.

Os dois candidatos exploraram ainda as soluções para a crise económica que está a acentuar-se devido à pandemia. João Ferreira nega a repetição de outros tipos de receitas e diz que é necessário “relançar a atividade económica e combater a crise social”, através do reforço do mercado interno, “temos de associar a isto um plano de substituição das importações por produção nacional”, afirma o candidato do PCP, acrescentando ainda que Portugal tem de “agir do lado da procura, e isso implica valorizar os rendimentos do trabalho para estimular a procura”.

Imediatamente, Tiago Mayan Gonçalves não perde a oportunidade e dispara contra João Ferreira, “Isto é uma receita para o desastre. Esse é que é o problema. O João está preso no século XIX. Quer nacionalizar tudo, é esse o objetivo perfilhado [pelo PCP]”, e para remate final, Mayan ainda acrescentou “Não estou a falar de utopia. A ideologia comunista trouxe sempre a desgraça e a destruição económica”.

Já João Ferreira contra-argumenta ao dizer que segue as leis da Constituição e admite que “Houve um desviar do espírito e da letra da Constituição. As políticas liberais ganharam uma grande preponderância e perdemos propriedade pública. E é preciso a existência de propriedade pública em setores importantes”.

Nos momentos finais do debate, os candidatos atiraram criticas aos maiores chefes de Portugal. Mayan explicou que a função do Presidente não é garantir a estabilidade do Governo, criticando desta forma António Costa. E João Ferreira aproveitou para atacar Marcelo Rebelo de Sousa que, antes de saber o conteúdo do Orçamento de Estado, “já estava a dizer quem é que o devia aprovar”. “Eu preocupo-me com o conteúdo”, afirmou.