Valha-nos o bacalhau

Valha-nos o bacalhau


A abrir a semana em que se pela primeira vez os portugueses celebram a quadra em pandemia de covid-19, nas lojas tradicionais para a compra do bacalhau e dos doces para os dias 24 e 25 não há mãos a medir para os pedidos. Num ano trágico para o comércio, entre máscaras e a regra…


Segunda-feira, 21 de dezembro. Dia de solstício de inverno, dia do raro alinhamento entre Júpiter e Saturno que se acredita ter sido o que há 2020 anos produziu o fenómeno da Estrela de Belém. E dia para pôr o bacalhau de molho. O último, para quem o aprecia em postas grossas. Estará aqui a explicação para a azáfama que contada não se acreditaria à porta da Manteigaria/Bacalhoaria Silva, na rua Dom Antão de Almada, mesmo à Praça da Figueira, em Lisboa. Nada de extraordinário nisto, não fosse este o ano em que se chegou a temer que o Natal não pudesse celebrar-se de todo em moldes semelhantes aos de outros anos.

“Nesta altura de Natal é normal”, diz José Branco — “Júnior, o mais novo da família” à frente da casa fundada em 1890. E era esse “normal” esperado em ano de pandemia? “Não tanto, mas tem sido uma loucura. Estamos todos de rastos, cansadíssimos. Temos pessoal em layoff — não aqui nesta loja, noutras — que tivemos de destacar para as encomendas online”. Este ano, “duplicaram ou triplicaram” as encomendas recebidas online ou por telefone. “As pessoas quiseram oferecer ou aos pais ou aos filhos com quem não vão estar, então uma encomenda que era para uma casa agora é para duas. Há muito mais trabalho nesse sentido”. A somar a isso, há a maratona dos últimos dias, que continuava a correr-se ontem: “O último dia para se pôr o bacalhau de molho — o bacalhau mais grosso. Amanhã ainda se pode comprar, mas já tem de ser um bocadinho mais fino”, explica. “Depois vai diminuindo a grossura da posta, é uma responsabilidade”.

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