Crise no Tigray: Primeiro-ministro rejeita conversas de paz

Crise no Tigray: Primeiro-ministro rejeita conversas de paz


Abiy Ahmed afirma “não negociar com criminosos”. Conflito já conta com centenas de mortos e milhares de pessoas deslocadas


A região do Tigray, na Etiópia, tem sido o palco de fortes tensões nos últimos meses. O país está no limite de uma guerra civil. Hoje, o primeiro-ministro etíope afirmou “não negociar com criminosos”.

O conflito já conta com centenas de mortos e milhares de pessoas deslocadas, avisando as Nações Unidas que poderia ainda daí surgir uma crise humanitária.

A 4 de outubro, Abiy Ahmed, primeiro-ministro que recebeu em 2019 o Prémio Nobel da Paz, lançou uma operação contra a Frente de Libertação dos Povos de Tigray (TPLF), acusando-a de atacar bases militares etíopes na região.

Agora, o gabinete de Abiy Ahmed contou à BBC que “não negoceiam com criminosos, trazem-nos à justiça, não à mesa de negociações”. Em causa está o pedido de vários líderes africanos, incluindo Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul e da União Africana, para o governo etíope se reunir com as forças separatistas.

No domingo, o exército etíope avisou que iria avançar com um ataque “implacável” à cidade de Mekele, capital da região separatista do Tigray, deixando Dejene Tsegaye, porta-voz do exército, em comunicado aos meios de comunicação governamentais, um apelo aos civis: “Salvem-se. Receberam diretrizes para se dissociar da Junta, depois não haverá misericórdia".

Em junho, as tensões aumentaram quando o primeiro-ministro adiou as eleições nacionais por causa da pandemia da Covid-19, tendo a TPLF desacreditado o governo central, afirmando que o mandatário não é legítimo.

Pelo menos 33 mil refugiados já cruzaram para o país vizinho do Sudão. A agência de refugiados das Nações Unidas diz estar preparada para receber até 200 mil pessoas que chegarão, estimam, nos próximos seis meses.