Faleceu Mário Dias, considerado o “pai do novo Estádio da Luz”. Natural da Lousã, despediu-se este domingo, vítima de doença prolongada.
“Principal impulsionador” da nova Catedral, recinto dos encarnados inaugurado a 25 de outubro de 2003, o antigo dirigente pertenceu à estrutura diretiva do clube da Luz com Manuel Vilarinho e manteve-se como um dos vice-presidentes nos dois primeiros mandatos de Luís Filipe Vieira (até 2009).
Mário Dias foi recordado pelo atual presidente das águias como uma “personalidade ímpar” que ficará para sempre na história do clube.
“Personalidade ímpar que ficará para sempre na nossa história pela forma íntegra e generosa como serviu o Benfica, de que se destaca o seu contributo único, incansável e inexcedível como grande impulsionador da construção do nosso novo Estádio da Luz”, pode ler-se na mensagem de pesar deixada por Vieira no site oficial do Benfica.
Em 2019, Mário Dias foi homenageado pelos encarnados no dia do 16.o aniversário da inauguração da Luz. À data, no jantar de reconhecimento, Luís Filipe Vieira lembrou o trabalho incansável feito pelo ex-vice-presidente, que tornou real o sonho que tantos tinham considerado impossível: “Sem Mário Dias, nunca existiria este Estádio da Luz. Todos os benfiquistas lhe devem estar gratos. Se têm orgulho neste maravilhoso estádio, onde todos já vivemos tantas horas de felicidade, isso só é possível graças a Mário Dias. O acreditar dele foi a grande viragem do Sport Lisboa e Benfica”.
“Ter estado na origem da conceção e da construção do estádio, ter feito esta grande obra para o Benfica deixa-me especialmente orgulhoso”, disse, na altura, Mário Dias, que fez ainda parte da comissão de honra do líder reeleito para o sexto mandato.
O antigo dirigente tinha 51 anos de sócio e ainda exerceu o direito de voto no último ato eleitoral histórico do clube.
Mário Dias: os sonhos na mala do carro
Aquando da homenagem prestada a Mário Dias, Luís Seara Cardoso lembrou o homem que conseguiu perceber “antes de todos” que o estádio seria a “solução, e não o problema”. “Havia quem dissesse que fazer o estádio levaria o Benfica à falência, mas ele percebeu que fazer o estádio tiraria o clube do estado de pré-falência”, declarava à BTV o também antigo vice-presidente das águias. Seara Cardoso recordava ainda o método de trabalho de um homem “low-profile”: “O escritório do Mário era o carro: tinha uma mala muito grande e ele até tinha vergonha de abrir a mala perto de uma pessoa. Eram só papéis, papéis e papéis, rolos dos projetos… Era uma loucura. Ele tinha medo que alguém apanhasse aquilo”.
Também escutado pela BTV na altura, António Lobão, arquiteto do Estádio da Luz, não tinha dúvidas de que uma das missões de vida do antigo dirigente foi erguer as novas infraestruturas do clube da Luz. “Quem acredita que todos nós somos postos aqui [no mundo] com determinadas missões, certamente que uma das missões de vida do Mário [Dias] era fazer um estádio novo para o Benfica”, assegurou em 2019. Lobão foi, na altura, o rosto responsável por apresentar o projeto aos sócios, que mais tarde votariam por larga maioria na demolição e construção do estádio novo.
Mário Dias, o homem a quem todos reconhecem o empenho, dedicação, generosidade e persistência na construção do novo recinto do Benfica, regia-se por um lema que não se cansava de repetir: “Aqui não há fancaria”.
No final da jornada fica “a dívida de gratidão”. “Não haveria o Sport Lisboa e Benfica como conhecemos hoje sem o seu contributo inexcedível, abnegado, corajoso, qualificado e visionário”, adiantou o clube da Luz num texto intitulado “Honrar Mário Dias”, partilhado esta segunda-feira no site dos encarnados.