Ensino superior. Aumentam as candidaturas e as dificuldades de quem  já lá está

Ensino superior. Aumentam as candidaturas e as dificuldades de quem já lá está


Desde 1995 que não havia tantas candidaturas ao ensino superior. Restrições à mobilidade de alunos que iam estudar para o estrangeiro podem ser um dos motivos para este aumento. Mas há outro lado: os que abandonam a universidade ou congelam a matrícula por dificuldades financeiras.


Há 25 anos que não havia tantos candidatos ao ensino superior. E desde a última crise financeira, de 2008, que não havia tantas preocupações relativamente aos alunos que já frequentam as universidades e os politécnicos. Se, por um lado, chega a notícia de que este ano se registaram 62 675 candidaturas à 1.a fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior público – o valor mais elevado desde 1995 –, por outro, existem estudantes universitários a abandonar o ensino superior ou a congelar a respetiva matrícula. 

Relativamente à 1.a fase do concurso nacional de acesso, que terminou este domingo, para as mais de 62 mil candidaturas existem 51 408 vagas. Para já, há várias justificações para este aumento, e uma delas passa pela impossibilidade de muitos alunos portugueses irem estudar para o estrangeiro, sendo este “um dado interessante, porque demonstra o número de portugueses que estavam a estudar em instituições estrangeiras”, explicou ao i Gonçalo Leite Velho, presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup). As restrições em relação à mobilidade que se verificam devido à pandemia podem significar, defende Gonçalo Leite Velho, que “os portugueses que estavam a ir estudar para os Estados Unidos, para Inglaterra, para França, para a República Checa para aprender Medicina, por exemplo”, tenham de fazer a sua candidatura em Portugal. 

Para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, o aumento de 11 384 candidaturas face ao ano passado “representa um sinal de confiança dos jovens e das suas famílias na formação superior e nas suas instituições, bem como nas vantagens decorrentes da qualificação superior”. E o SNESup acrescenta a subida das notas dos exames nacionais, cujas médias melhoraram em praticamente todas as disciplinas. Esta melhoria das notas evidencia também outra questão: os alunos, uma vez que tiveram melhores notas nos exames nacionais, podem ter concorrido a cursos que pedem médias mais elevadas. 

No entanto, Gonçalo Leite Velho alertou para a necessidade da realização de um perfil socioeconómico para perceber exatamente quais as características dos candidatos e futuros colocados. “Neste momento há muitas incógnitas do ponto de vista socioeconómico que importa resolver o quanto antes e esperamos que a Comissão Nacional de Acesso e a Direção-Geral do Ensino Superior estejam a trabalhar em conjunto, porque isso é fundamental para podermos perceber exatamente que pressões é que vamos ter”, explicou o presidente do SNESup. 

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