O Presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, no poder desde 2013, anunciou a sua demissão e a de todo o Governo, numa declaração transmitida pela televisão nacional, após ter sido deposto por um golpe militar, horas antes.
Keita, que tinha sido detido na companhia do primeiro-ministro Boubou Cissé no final da tarde de terça-feira e levado para o acampamento militar onde se iniciou um motim no início do dia, surgiu por volta da meia-noite na televisão pública ORTM, usando máscara.
"Se hoje pareceu bem a alguns elementos das nossas forças armadas concluir que tudo deveria terminar com a sua intervenção, será que tenho realmente escolha? Não tenho outra escolha senão submeter-me, porque não quero que seja derramado sangue para me manter [no cargo]", disse.
Os militares que tomaram o poder no Mali e forçaram o Presidente Ibrahim Boubacar Keita a demitir-se, afirmaram que pretendem uma "transição política civil" que conduza a eleições gerais dentro de um "prazo razoável".
"Nós, as forças patrióticas agrupadas no Comité Nacional para a Salvação do Povo (CNSP), decidimos assumir as nossas responsabilidades perante o povo e perante a história", disse o porta-voz dos militares e vice-chefe de Estado-Maior da Força Aérea, coronel Ismaël Wagué, numa declaração emitida às 03:40 (04:40 em Lisboa) pela televisão pública ORTM.
O ministro da Defesa Nacional de Portugal disse na terça-feira estar a acompanhar com grande preocupação a crise no Mali, onde estão destacados 63 militares da Força Aérea Portuguesa.
"O ministro da Defesa Nacional está a acompanhar a situação no Mali com grande preocupação, mais ainda numa altura em que Portugal tem no território uma Força Nacional Destacada de 63 militares e um avião de transporte C-295", de acordo com a informação prestada à agência Lusa pelo gabinete de João Gomes Cravinho.