China. O frango do Brasil com covid e o fim dos banquetes sumptuosos

China. O frango do Brasil com covid e o fim dos banquetes sumptuosos


No dia em que o Presidente da China proibiu o excesso de comida nos restaurantes, chegou a Shenzhen uma encomenda de frango com covid-19. 


Na China as últimas horas têm sido marcadas por notícias ligadas à gastronomia. Numa encomenda de frango importada do Brasil para a cidade de Shenzhen foram encontrados traços de coronavírus em asas de frango, disse o jornal oficial do Partido Comunista Chinês. 

Os traços foram detetados na superfície de uma amostra, após a realização de testes de ácido nucleico. Todos os trabalhadores que estiveram em contacto com as asas de frango fizeram teste para se perceber se estavam ou não infetados e os resultados deram negativo.

Os lotes dos produtos contaminados que foram comercializados foram, entretanto, confiscados pelas autoridades.

Este é o segundo caso na China em que produtos importados estão alegadamente contaminados. Ainda esta semana, as autoridades afirmaram que encontraram traços de coronavírus em camarões oriundos do Equador. Tudo aconteceu na província de Anhui, no leste da China.

A China já tinha tomado precauções com este alimento. A 10 de julho, o governo de Pequim suspendeu as importações de camarão branco congelado a três empresas do Equador, depois de ter encontrado vestígios do vírus nas embalagens, informou a Administração Geral das Alfândegas do país.

A Comissão de Saúde de Shenzhen recomendou aos consumidores que fossem cautelosos na compra de carnes e marisco. E que tomassem “precauções, para reduzirem o risco de infeção”. Até ao momento, a China conta com um total de 84.756 casos confirmados de infeção de covid-19 e registou 4634 mortes desde o início da pandemia. 

Proibidos desperdiçar Ainda quanto a alimentos, o presidente da República Popular da China e Secretário-Geral do Partido Comunista da China, Xi Jinping, considerou esta semana o desperdício de comida no país “chocante e preocupante”. Por esse motivo, decidiu proibir banquetes sumptuosos, com inúmeros pratos. “Apesar das boas colheitas que o nosso país consegue todos os anos, é necessário manter o sentido da crise em matéria de segurança alimentar”, alertou Xi Jinping.

A operação Prato Vazio exige que apenas seja servido à mesa um prato por convidado. Esta é uma rutura com tradições chinesas, como deixar comida no prato ou servir tantos pratos quantos forem os convidados e mais um.

Esta tradição tem origem nas décadas em que a China se desenvolveu economicamente a um ritmo alucinante, passando de períodos em que a população era assolada pela fome para um de consumo excessivo. Assim, no final da refeição, a tradição chinesa exige que se deixe comida no prato, simbolizando assim que se comeu o suficiente.

Várias associações profissionais da restauração, em cidades como Pequim, Wuhan ou Xi’na, estão a tentar impor este modelo e a oferecer nos menus a possibilidade de encomendar pequenas porções, ou até meias porções.

As redes sociais também assumiram uma posição contra o desperdício e plataformas como Douyin (ou TikTok, no exterior) e Kuaishou anunciaram que vão encerrar as contas dos utilizadores que se filmarem a comer até ao extremo, um hábito conhecido pelo termo coreano ‘mukbang’.

Num relatório de 2018, a Academia Chinesa de Ciências estimou que a quantidade média de comida desperdiçada por pessoa em cada refeição seria de quase 100 gramas.