Há uma espécie de nostalgia argentina na história do Belenenses e essa nostalgia prende-se com a chegada, em 1939, de Alejandro Scopelli Casanova, um platense puro (nasceu em La Plata em maio de 1908), avançado que fizera furor no Estudiantes antes de vir para a Europa, onde jogou na Roma, no Red Star e no Racing (ambos de Paris). A ii Guerra Mundial devastava o centro do Velho Continente, e Scopelli escolheu Portugal para sobreviver. Trouxe consigo para Belém mais três compatriotas: Horacio Tellechea, Oscar Tellechea e Tarrío. Jogou apenas uma época; depois tornou-se um treinador moderníssimo para a época, aplicando na equipa o WM de Herbert Chapman, do Arsenal, e as marcações homem a homem.
Scopelli escancarou os portões azuis aos jogadores argentinos. E foram muitos os que por eles entraram. Mas, provavelmente, nenhum tão dotado, tão artístico como Miguel Andrés Di Pace Vuotto, natural de Balcarce, onde nasceu a 31 de agosto de 1926. Aos 27 anos, desembarcou em Lisboa. Vinha precedido de uma fama assassina – assassina porque quem a carrega como um fardo sobre os ombros sabe que não tem o direito de cometer o mais pequeno dos erros. E Di Pace cometeu um erro logo de entrada. Ele próprio contaria, numa dessas maravilhosas publicações, a Crónica Desportiva: “A minha estreia pelo Belenenses foi o pior possível! Num jogo contra o Barreirense, para a Taça de Portugal, no nosso campo. Fomos eliminados e senti-me terrivelmente”. A época era a de 1953/54. Ainda assim, Di Pace cumpriu um total de 25 jogos e marcou três golos. Ficaria em Belém até 1958. Seria adorado pelos adeptos e incensado pela imprensa. Mas precisou de paciência.
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