José Peseiro. Abrir o Vinotinto para brindar ao novo selecionador

José Peseiro. Abrir o Vinotinto para brindar ao novo selecionador


O técnico português foi confirmado como o novo selecionador da Venezuela. Porém, esta eleição parece estar longe de ter sido harmoniosa. Sampaoli era o desejo da Federação Venezuelana de Futebol e terá sido o Governo de Maduro a dar ordem para concluir o processo de transferência de Peseiro.


Com ou sem polémica, agora é oficial: Aos 59 anos, José Peseiro é o novo selecionador da Venezuela. Trata-se do regresso ao ativo do técnico português, que estava sem clube desde novembro de 2018, altura em que foi, recorde-se, demitido do Sporting. Nos últimos dias, quando começou a ganhar força a hipótese de assumir o cargo, Peseiro rumou até ao país sul-americano, embora esta não tenha sido, aparentemente, uma viagem consensual. De acordo com várias publicações venezuelanas, o treinador natural de Coruche não foi uma escolha da Federação Venezuelana de Futebol (FVF), mas sim do Governo de Nicolás Maduro, que terá mesmo dado ordem para se concluir de imediato o processo de transferência do ex-treinador leonino.

Ainda segundo a imprensa local, o argentino Jorge Sampaoli (que deixou o Santos em dezembro último) era o técnico desejado pelos dirigentes federativos para assumir os destinos da Vinotinto – os custos que envolviam a operação terão servido como uma espécie de xeque-mate ao negócio.

Contas feitas, literalmente, a porta ficou desta forma aberta para Peseiro que, controvérsias à parte, acabaria por ser esta terça-feira anunciado como o sucessor do venezuelano Rafael Dudamel, entretanto confirmado no comando técnico dos brasileiros do Atlético Mineiro.

Esta não será, de resto, uma estreia, já que será a segunda experiência do antigo treinador do FC Porto e Sporting como selecionador, depois de já ter comandado a Arábia Saudita durante dois anos, entre fevereiro de 2009 e janeiro de 2011.

Olhando para os desafios que agora terá pela frente, José Peseiro depara-se com missão espinhosa: para além da Copa América, vai comandar os venezuelanos na qualificação para o campeonato do Mundo de 2022, no Catar (a partir do próximo mês de março). De sublinhar que os sul-americanos não contam com nenhuma presença num Mundial.

Ao longo de toda a sua carreira, o ribatejano conta com passagens por 16 clubes. Em Portugal, além dos dois grandes já referidos, destacam-se as aventuras no Nacional, Sporting de Braga e Vitória de Guimarães.

Fora de portas, Peseiro foi adjunto de Carlos Queiroz no Real Madrid (tendo alcançado uma Supertaça espanhola em 2002/03) e orientou o Al-Hilal e Al-Ahli (Arábia Saudita), Panathinaikos (Grécia), Rapid Bucareste (Roménia), Al-Wahda e Sharjah FC (Emirados Árabes Unidos).

Já no que respeita a títulos, regista dois no currículo: uma Taça da Liga, pelo Sp. Braga (2012/13), e um campeonato egípcio ao serviço do Al-Ahly Cairo (2015/16).

Ainda durante o dia de ontem, a FVF informou que está agendada uma conferência de imprensa para esta quarta-feira em que deverão ser conhecidos novos detalhes da contratação – e respetiva apresentação do português.

 

Duelo luso no primeiro desafio

Curiosamente, o primeiro teste de José Peseiro está agendado para dia 26 de março, diante da Colômbia de… Carlos Queiroz; seguindo-se, cinco dias depois (a 31 do mesmo mês), a receção ao Paraguai, em jogos referentes à primeira e segunda jornadas de qualificação para o Mundial, respetivamente. Peseiro e Queiroz vão também cruzar caminho no grupo da zona norte da Copa América de 2020, que conta ainda com Brasil, Equador, Peru e Catar.

Além dos dois treinadores portugueses neste momento a liderar seleções sul-americanas, destaque para os restantes lusos que seguem a dar cartas noutras seleções. Neste campo destaca-se uma mão-cheia de técnicos, caso de Paulo Bento (Coreia do Sul), Hélio Sousa (Barém), António Conceição (Camarões), Pedro Gonçalves (Angola) e Luís Gonçalves (Moçambique).

Paulo Bento está desde agosto de 2018 ao leme da seleção da Coreia do Sul. O português foi o escolhido para orientar a seleção asiática com vista ao Mundial 2022, tendo rendido Shin Tae-yong. Já Hélio Sousa chegou aos destinos do Barém em março de 2019, após nove anos nas seleções mais jovens de Portugal (e dois títulos europeus conquistados). Pouco depois, em setembro último, foi a vez de António Conceição ser anunciado como novo selecionador dos Camarões, naquela que é a sua primeira experiência nesta categoria. Sucedeu a Clarence Seedorf. Em novembro de 2019, o português Pedro Gonçalves foi confirmado como o novo técnico da seleção angolana de futebol, passando de interino a principal. O sucesso nas camadas jovens do futebol angolano levou-o até à seleção principal, onde já deu provas do seu valor ao qualificar os palancas negras para a fase de grupos na corrida para o Mundial de 2022 (ainda enquanto treinador interino). Antes, em pleno verão de 2019, corria o mês de agosto quando o português Luís Gonçalves foi oficializado como o novo selecionador de Moçambique para os próximos três anos, depois de ter sido adjunto de Abel Xavier nos mambas.