Inquietudes do altar


Confesso-te Miguel que tinha já a trouxa arrumada, adrenalina a recato, despertador dispensado de atividade noturna a prestações, concentração nas curvas e força telepática nas rectas em descanso.


A custo, e sei que sabes que sim, eu e o crescente exército oliveirista fomos tratando de guardar a tristeza de não te seguir acelerando por ali, Sepang, terra onde pareces semear sucesso com naturalidade.

Se sabíamos que na Austrália seria difícil ver-te, se estava ainda quente a estuporada imagem a ver-te rebolar desamparado, se bem amassado estavas, não é vergonha confessar que algum egoísmo foi querendo ocupar o espaço da sensatez de te deixar descansado. Não queríamos acreditar que fosse possível ter-te logo logo dali a uma semana, mas verdade verdadinha que andámos por aqui, falando meio envergonhados nesta nossa necessidade de te ter, dizíamos que talvez não mas pedíamos que talvez sim.

E lá chegou a Malásia com seu fuso de oito horas, que é isso para nós nesta altura do campeonato? … habituados a Motegi e a Philip Island, torradas, cachorros, sopas e outras mordomias, galões, imperiais, tinto e branco, acredita Miguel que somos gente avisada e que as vitualhas, junto com os despertadores, tiveram seu quinhão de glória em nossas vidas nestes três fins de semana tão cheios de gente que fizeste tua pelo mundo inteiro.

E quando pensávamos que faríamos apenas como o menino que espreita a montra do lado de fora da pastelaria, eis que Poncharal primeiro e tu depois, nos dizem que não é hora ainda d’embalar a trouxa e zarpar, como cantava o Zeca, de repente saltita-nos o coração, admito que apressado corri à gaveta a apanhar o despertador, perdoa-me, sou marinheiro de primeira viagem em época de MotoGP a fio, o ano passado acabava a Moto2  e esvaía-se-me a emoção.

Meio acanhados, fomos palpitando nas redes que talvez quem sabe, vinham os mais avisados e ‘ que não, que não’ mas com um raio, então tu lá saberás e bem o que é melhor, eu mais que palpites fui tratando mas é de acautelar geleia e café que nisto quando um homem dá por isso marcha desde a Moto3 e suas siamesas a sprintar, depois mata-se saudades do pessoal da Moto 2 e quando chegas tu já o papo anda meio cheio de emoções, que elas quando apertam, as emoções e as bravuras de toda aquela gente como tu, elas põem uma pessoa a olhar para a TV como não se fazia desde os tempos de Sindbad o Marinheiro, herói que se não curvava a duzentos ao menos apertava o cinto e ganhava forças sobrenaturais, nem sei porque me lembrei de uma coisa destas, mas é assim que tu nos deixas Falcão, quando corres, quando não corres, tanta gente que já mede a distância de sexta-feira a domingo dependendo de haver ou não FP’s, QP’s e a tal de Race que já todo o mundo sabe o que é.

Eia lá, fui ver o tamanho deste último parágrafo, parecia quase  a pista de Silverstone de grande que é, mas vamos fazer o quê? .. é da emoção de te acompanhar, de te escrever, de te seguir .. e por falar nisso …

Segue-se Valência?

No calendário sim, contigo logo se vê, nada mais nos interessa que ter-te forte e feio para o ano que vem, que é como quem diz impiedoso e continuando a subir a escadaria que te sabemos destinada.

Por estas bandas continuaremos num arrazoado de teorias, certezas e conselhos sábios, mas aquilo que queremos mesmo é o melhor para ti, seja na Tech3 ou na KTM, na Honda que apostam uns, és doido dizem outros, que ninguém me negue, juro juradinho que já li de tudo, sai Valentino, muda-se Fabio chega Miguel à Yamaha, e podem bem imaginar como gira a cabeça de um pobre coitado como eu.

 

Acabo de saber que o Falcão foi operado ao ombro. Regressa em grande, campeão. Em 2020 o teu lugar espera-te. E nós por aqui.


Inquietudes do altar


Confesso-te Miguel que tinha já a trouxa arrumada, adrenalina a recato, despertador dispensado de atividade noturna a prestações, concentração nas curvas e força telepática nas rectas em descanso.


A custo, e sei que sabes que sim, eu e o crescente exército oliveirista fomos tratando de guardar a tristeza de não te seguir acelerando por ali, Sepang, terra onde pareces semear sucesso com naturalidade.

Se sabíamos que na Austrália seria difícil ver-te, se estava ainda quente a estuporada imagem a ver-te rebolar desamparado, se bem amassado estavas, não é vergonha confessar que algum egoísmo foi querendo ocupar o espaço da sensatez de te deixar descansado. Não queríamos acreditar que fosse possível ter-te logo logo dali a uma semana, mas verdade verdadinha que andámos por aqui, falando meio envergonhados nesta nossa necessidade de te ter, dizíamos que talvez não mas pedíamos que talvez sim.

E lá chegou a Malásia com seu fuso de oito horas, que é isso para nós nesta altura do campeonato? … habituados a Motegi e a Philip Island, torradas, cachorros, sopas e outras mordomias, galões, imperiais, tinto e branco, acredita Miguel que somos gente avisada e que as vitualhas, junto com os despertadores, tiveram seu quinhão de glória em nossas vidas nestes três fins de semana tão cheios de gente que fizeste tua pelo mundo inteiro.

E quando pensávamos que faríamos apenas como o menino que espreita a montra do lado de fora da pastelaria, eis que Poncharal primeiro e tu depois, nos dizem que não é hora ainda d’embalar a trouxa e zarpar, como cantava o Zeca, de repente saltita-nos o coração, admito que apressado corri à gaveta a apanhar o despertador, perdoa-me, sou marinheiro de primeira viagem em época de MotoGP a fio, o ano passado acabava a Moto2  e esvaía-se-me a emoção.

Meio acanhados, fomos palpitando nas redes que talvez quem sabe, vinham os mais avisados e ‘ que não, que não’ mas com um raio, então tu lá saberás e bem o que é melhor, eu mais que palpites fui tratando mas é de acautelar geleia e café que nisto quando um homem dá por isso marcha desde a Moto3 e suas siamesas a sprintar, depois mata-se saudades do pessoal da Moto 2 e quando chegas tu já o papo anda meio cheio de emoções, que elas quando apertam, as emoções e as bravuras de toda aquela gente como tu, elas põem uma pessoa a olhar para a TV como não se fazia desde os tempos de Sindbad o Marinheiro, herói que se não curvava a duzentos ao menos apertava o cinto e ganhava forças sobrenaturais, nem sei porque me lembrei de uma coisa destas, mas é assim que tu nos deixas Falcão, quando corres, quando não corres, tanta gente que já mede a distância de sexta-feira a domingo dependendo de haver ou não FP’s, QP’s e a tal de Race que já todo o mundo sabe o que é.

Eia lá, fui ver o tamanho deste último parágrafo, parecia quase  a pista de Silverstone de grande que é, mas vamos fazer o quê? .. é da emoção de te acompanhar, de te escrever, de te seguir .. e por falar nisso …

Segue-se Valência?

No calendário sim, contigo logo se vê, nada mais nos interessa que ter-te forte e feio para o ano que vem, que é como quem diz impiedoso e continuando a subir a escadaria que te sabemos destinada.

Por estas bandas continuaremos num arrazoado de teorias, certezas e conselhos sábios, mas aquilo que queremos mesmo é o melhor para ti, seja na Tech3 ou na KTM, na Honda que apostam uns, és doido dizem outros, que ninguém me negue, juro juradinho que já li de tudo, sai Valentino, muda-se Fabio chega Miguel à Yamaha, e podem bem imaginar como gira a cabeça de um pobre coitado como eu.

 

Acabo de saber que o Falcão foi operado ao ombro. Regressa em grande, campeão. Em 2020 o teu lugar espera-te. E nós por aqui.