A hora do pão quente


Motegi, domingo, 20 de Outubro, onze horas e trinta minutos da manhã. Em Portugal Continental o relógio marca ainda três e trinta da madrugada, uma hora menos nos Açores como escutamos na rádio, é hora de saírem fornadas de pão quentinho que irão viajar até casa dos portugueses. Aquecem os motores lá longe no Japão,…


Motegi, domingo, 20 de Outubro, onze horas e trinta minutos da manhã.

Em Portugal Continental o relógio marca ainda três e trinta da madrugada, uma hora menos nos Açores como escutamos na rádio, é hora de saírem fornadas de pão quentinho que irão viajar até casa dos portugueses.

Aquecem os motores lá longe no Japão, está na hora de acelerar forte e veloz, dentro de meia hora vai começar a corrida de Moto3, e se ele há corridas emocionantes, onde um segundo chega para agregar o vastíssimo grupo de potenciais vencedores, então esta é uma delas, coisa de loucos volta a volta, curva a curva, até ao sprint final, desta vez deu Dalla Porta por, imagine-se, nove centésimas, com Arenas a ficar no quase quase. Uma loucura, meus senhores, uma loucura que se aconselha a não perder.

Cinco horas e vinte minutos na nossa terra, o pão quente vai já distribuído por muitos lares, vem aí a corrida de Moto2, hora de rever velhos conhecidos do ano passado, torcemos por Binder a quem os treinos atiraram para um envergonhado 18º lugar na grelha, reencontrámos um Marini atrevido, um Luthi  que continua por aqui um osso duro de roer, vimos o regresso de Baldassarri que andava arredio destas lides e que haveria de perder a subida ao pódio por quatro décimas para um Jorge Martin que curiosamente transporta em sua mota um número 88 que agora nos diz tanto.

Três da tarde em Motegi, aqui por Portugal o pão vai já derretendo manteiga barrada acompanhado com geleias, o primeiro repasto da manhã, é hora dele bem estaladiço.

Na pista observamos um sereno Falcão na sexta linha da grelha de partida, tem uma miríade de lusitanos espalhados pelo mundo fora a desejar-lhe estratosféricas hipérboles e parabólicas de punho a fundo, rumo ao sucesso, nós somos assim mesmo, queremos sempre dado e arregaçado, queremos sol na eira e chuva no nabal, quantos afinal dormirão àquela hora para apenas mais tarde espreitar o resultado e botar faladura críticA?

Em Motegi, na hora do nosso pão à mesa, Miguel Oliveira desenrola uma cardápio de capacidades, arranca com aquela gente toda desenfreada, busca seu ritmo, estuda a coisa passo a passo, saca de sua sebenta de velocidades a receita que vai deixando bem para trás o seu companheiro Syahrin, o que acontecerá também a Nakagami que corre em casa, a Aleix e a Kallio, este com mota da fábrica mãe, no horizonte está Bagnaia, tão isto e tão aquilo no ano passado, uma Tech3 a dar os primeiros passos com a KTM contra a Pramac Racing já bem calhada em sua Ducati, vamos lá num mano a mano, terá pensado o Falcão, ai que lá vem ele, terá Pecco  recordado nas palavras de Morbidelli, e na hora certa a ultrapassagem, as garras de fora, no final mais de dois segundos a separarem o nosso 88 do 63 deles. Um pouquinho mais de corrida houvesse e quem sabe Pol Espargaro fosse o freguês seguinte, nesta receita de aprimorada ciência, de fazer de uma equipa francesa recém chegada à tecnologia austríaca uma das etapas de maior exigência nesta sua escalada até a um topo que todos desejamos, que alguns vaticinam, mas a que apenas poucos, afinal, parecem por ora assistir.

Talvez uns poucos cada vez mais numerosos, assim vai indicando uma comunicação social que já não passa sem dar novas do nosso guerreiro embaixador naquele universo de tão exigentes condições para quem nele ousar entrar, quiser sonhar, souber escalar.

Na bandeirada de xadrez, em Motegi, por onde era tempo de pão quentinho, em lanche de fim-de-tarde, Miguel somou mais quatro pontos, tendo agora trinta e três no total, que lhe dão o 16º lugar numa lista de vinte e sete pilotos que já entraram na competição, estando ‘ num mesmo ali ao pé ‘ do 15º lugar que poucos ousariam vaticinar, a escassos quatro pontinhos do mesmo italiano Bagnaia a quem ontem não poupou.

E nós?

Para semana, em Phillip Island, serão dez as horas de diferença.

Repetiremos a hora do pão quentinho??

 

 

 

 

 

 

 

 

A hora do pão quente


Motegi, domingo, 20 de Outubro, onze horas e trinta minutos da manhã. Em Portugal Continental o relógio marca ainda três e trinta da madrugada, uma hora menos nos Açores como escutamos na rádio, é hora de saírem fornadas de pão quentinho que irão viajar até casa dos portugueses. Aquecem os motores lá longe no Japão,…


Motegi, domingo, 20 de Outubro, onze horas e trinta minutos da manhã.

Em Portugal Continental o relógio marca ainda três e trinta da madrugada, uma hora menos nos Açores como escutamos na rádio, é hora de saírem fornadas de pão quentinho que irão viajar até casa dos portugueses.

Aquecem os motores lá longe no Japão, está na hora de acelerar forte e veloz, dentro de meia hora vai começar a corrida de Moto3, e se ele há corridas emocionantes, onde um segundo chega para agregar o vastíssimo grupo de potenciais vencedores, então esta é uma delas, coisa de loucos volta a volta, curva a curva, até ao sprint final, desta vez deu Dalla Porta por, imagine-se, nove centésimas, com Arenas a ficar no quase quase. Uma loucura, meus senhores, uma loucura que se aconselha a não perder.

Cinco horas e vinte minutos na nossa terra, o pão quente vai já distribuído por muitos lares, vem aí a corrida de Moto2, hora de rever velhos conhecidos do ano passado, torcemos por Binder a quem os treinos atiraram para um envergonhado 18º lugar na grelha, reencontrámos um Marini atrevido, um Luthi  que continua por aqui um osso duro de roer, vimos o regresso de Baldassarri que andava arredio destas lides e que haveria de perder a subida ao pódio por quatro décimas para um Jorge Martin que curiosamente transporta em sua mota um número 88 que agora nos diz tanto.

Três da tarde em Motegi, aqui por Portugal o pão vai já derretendo manteiga barrada acompanhado com geleias, o primeiro repasto da manhã, é hora dele bem estaladiço.

Na pista observamos um sereno Falcão na sexta linha da grelha de partida, tem uma miríade de lusitanos espalhados pelo mundo fora a desejar-lhe estratosféricas hipérboles e parabólicas de punho a fundo, rumo ao sucesso, nós somos assim mesmo, queremos sempre dado e arregaçado, queremos sol na eira e chuva no nabal, quantos afinal dormirão àquela hora para apenas mais tarde espreitar o resultado e botar faladura críticA?

Em Motegi, na hora do nosso pão à mesa, Miguel Oliveira desenrola uma cardápio de capacidades, arranca com aquela gente toda desenfreada, busca seu ritmo, estuda a coisa passo a passo, saca de sua sebenta de velocidades a receita que vai deixando bem para trás o seu companheiro Syahrin, o que acontecerá também a Nakagami que corre em casa, a Aleix e a Kallio, este com mota da fábrica mãe, no horizonte está Bagnaia, tão isto e tão aquilo no ano passado, uma Tech3 a dar os primeiros passos com a KTM contra a Pramac Racing já bem calhada em sua Ducati, vamos lá num mano a mano, terá pensado o Falcão, ai que lá vem ele, terá Pecco  recordado nas palavras de Morbidelli, e na hora certa a ultrapassagem, as garras de fora, no final mais de dois segundos a separarem o nosso 88 do 63 deles. Um pouquinho mais de corrida houvesse e quem sabe Pol Espargaro fosse o freguês seguinte, nesta receita de aprimorada ciência, de fazer de uma equipa francesa recém chegada à tecnologia austríaca uma das etapas de maior exigência nesta sua escalada até a um topo que todos desejamos, que alguns vaticinam, mas a que apenas poucos, afinal, parecem por ora assistir.

Talvez uns poucos cada vez mais numerosos, assim vai indicando uma comunicação social que já não passa sem dar novas do nosso guerreiro embaixador naquele universo de tão exigentes condições para quem nele ousar entrar, quiser sonhar, souber escalar.

Na bandeirada de xadrez, em Motegi, por onde era tempo de pão quentinho, em lanche de fim-de-tarde, Miguel somou mais quatro pontos, tendo agora trinta e três no total, que lhe dão o 16º lugar numa lista de vinte e sete pilotos que já entraram na competição, estando ‘ num mesmo ali ao pé ‘ do 15º lugar que poucos ousariam vaticinar, a escassos quatro pontinhos do mesmo italiano Bagnaia a quem ontem não poupou.

E nós?

Para semana, em Phillip Island, serão dez as horas de diferença.

Repetiremos a hora do pão quentinho??