Rentrée. O que está aí a chegar às livrarias

Rentrée. O que está aí a chegar às livrarias


Atualidade política, a autobiografia de Elton John, uma viagem pelo corpo humano, os segredos da Bíblia, quatro décadas de Lobo Antunes e até poemas para gatos. Entre as novidades da rentrée literária apresentadas pelos maiores grupos editoriais, há livros para todos os gostos.


Se agosto é mês de férias, de lazer e de tempo para leituras, setembro é o do regresso em força da atividade editorial. Por estes dias, dois dos maiores grupos editoriais apresentaram as suas apostas para a rentrée, num total de cerca de 150 títulos para todos os gostos.

Na passada sexta-feira, dia 6, coube à Porto Editora anunciar o que está na calha para estes próximos meses, numa apresentação que incluiu uma visita à unidade gráfica da Maia, renovada e ampliada após a destruição parcial por um tornado a 14 de março de 2018. Com uma área de perto de 13 mil metros quadrados, a unidade tem capacidade para produzir uns impressionantes 16 milhões de livros anuais.

Quanto a novidades editoriais, ocupam lugar de destaque na área da ficção:

Milkman, de Anna Burns (Porto Editora), vencedor do Man Booker 2018 e do National Book Critics Circle Award, um romance sobre “o poder dos rumores e da pressão social numa pequena comunidade”;

Uma Vida Inteira, de Robert Seethaler (Porto Editora), fenómeno de vendas na Alemanha, que retrata a simplicidade da vida nas montanhas, mas também sobre alguns dos traumas do século XX;

Lágrimas de Macau, de Francisco José Viegas (Porto Editora), nono livro do detetive Jaime Ramos, que começa com um cadáver pendurado na ponte D. Luís;

Morrer na Primavera, de Ralf Rothmann (Sextante), relato ficcionado do final amargo da II Guerra Mundial na Alemanha, pela pena de um dos mais importantes autores alemães da atualidade.

Na poesia:

Obra Poética, de David Mourão-Ferreira (Assírio & Alvim), que reúne “todos os livros e conjuntos de poemas organizados e publicados pelo autor”. A primeira parte, referente aos anos 1948-1988, tem uma introdução de Eduardo Prado Coelho;

O Livro dos Gatos Práticos do Velho Gambá (Assírio & Alvim), “famoso conjunto de poemas humorísticos sobre gatos que T.S. Eliot foi escrevendo, na década de 30, em cartas para os seus afilhados” e que “serviu de base para o musical Cats, de 1981”. Com tradução de Daniel Jonas e ilustrações de Edward Gorey.

Na não-ficção:

Política para Perplexos, de Daniel Innerarity (Porto Editora), uma espécie de bússola para nos orientarmos na atual situação política mundial, pelo eminente filósofo basco;

Me (Porto Editora), a autobiografia de Elton John, que promete “todas as histórias, dos episódios mais comoventes aos mais divertidos” do cantor.

Dos segredos do corpo à história da Bíblia Terça-feira, dia 3, tinha sido a vez do Grupo Bertrand Círculo apresentar as suas propostas num hotel de Lisboa. Dos mais de 80 títulos que aí vêm, merecem uma referência especial:

O Corpo – Um Guia para Ocupantes, de Bill Bryson (Bertrand), que promete uma viagem surpreendente e cheia de curiosidades por esse grande desconhecido que é o corpo humano;

Como Se Renovam as Nações, de Jared Diamond (Temas & Debates), um estudo dos momentos críticos da história e da forma como países e indivíduos os superam, pelo autor do aclamado Armas, Germes e Aço;

Uma História da Bíblia, por John Barton (Temas & Debates), autoridade em estudos bíblicos, sobre a história do livro mais importante do mundo e o modo como foi sendo ‘moldado’ e interpretado (um excelente complemento à tradução da Bíblia por Frederico Lourenço, de que sairá o tomo 2 do 4.º volume);

A Mitologia Explicada pela Pintura, de Gerard Denizeau (Círculo de Leitores), tradução do volume da Larousse, uma revisitação da mitologia clássica, vista através do olhar dos maiores pintores europeus, de Botticelli a Klimt;

O Terrorista Elegante e Outras Histórias (Quetzal), encontro de dois dos mais talentosos escritores africanos de língua portuguesa, José Eduardo Agualusa e Mia Couto, tendo por base três peças de teatro escritas também a quatro mãos;

Rapazinho, de Lawrence Ferlinghetti (Quetzal), “testemunho e testamento literário do maior poeta da Geração Beat”, que cumpriu cem anos em março;

O Papagaio de Flaubert, de Julian Barnes (Quetzal), descrito por Francisco José Viegas como “um livro maravilhoso” que já venceu prémios tanto de ficção como de não-ficção, mas que ainda assim não vingou em nenhuma das duas vezes que foi publicado em Portugal;

A Morte não É Prioritária (Contraponto), uma biografia de Manoel de Oliveira, por Paulo José Miranda, que dá conta das várias vidas do realizador, campeão nacional do salto à vara, trapezista, piloto de automóveis, etc.

Também o grupo Leya já apresentou os lançamentos de setembro. António Lobo Antunes ocupa o lugar principal, com o novo romance A Outra Margem e a reedição dos seus dois primeiros romances, numa celebração dos seus 40 anos de vida literária (tudo na Dom Quixote). Entre as cerca de duas dezenas de títulos a sair neste mês, referência ainda para O Diabo foi Meu Padeiro, romance de Mário Lúcio Sousa sobre a prisão do Tarrafal, e Hotel Melancólico, o segundo livro de María Gainza, autora argentina que surpreendeu com a sua estreia, O Nervo Óptico.