De há várias semanas a esta parte que, além do título (e da Supertaça) em Espanha – estando ainda em aberto a possibilidade de vencer também a Taça do Rei e a Liga dos Campeões –, parecia também apenas uma questão de tempo até Lionel Messi reivindicar igualmente a Bota de Ouro, o troféu atribuído desde 1967/68 ao melhor marcador de todos os campeonatos europeus. O astro argentino do Barcelona liderou a corrida de forma isolada durante praticamente toda a temporada e, quando à 31.a jornada apontou o 33.o golo em La Liga, nada nem ninguém parecia capaz de ameaçar o reinado da Pulga, que venceu o troféu nas duas últimas temporadas, somando um total de cinco (recordista, com mais um que Cristiano Ronaldo).
Mas atenção: é que anda por aí à solta um tal Kylian Mbappé. O prodígio francês somava, há duas jornadas, “apenas” 27 golos – seis a menos que Messi. E até ficou em branco na ronda seguinte, aquela da estrondosa goleada sofrida no terreno do portuguesíssimo Lille (5-1) e que adiou por mais uns dias a confirmação do bicampeonato do PSG. Este fim de semana, porém, o assunto do título ficou resolvido… e o da Bota de Ouro relançado: o gigante da capital francesa bateu o Mónaco de Leonardo Jardim por 3-1 e Mbappé fez uma exibição de luxo, apontando os três golos dos parisienses e vulgarizando por completo o setor defensivo dos monegascos. Isto, ao mesmo tempo que celebrava o terceiro campeonato consecutivo: aos dois dos últimos dois anos pelo PSG junta ainda o de 2016/17, conquistado ao serviço… do Mónaco, o clube onde se lançou para o estrelato.
O mais próximo está já tão longe… Trinta e três para Messi, 30 para Mbappé – e cinco jornadas por disputar para ambos. É neste pé que se encontra a corrida à Bota de Ouro, com a dupla já bastante distante dos restantes perseguidores: Quagliarella, o veterano avançado italiano da Sampdoria, fecha o pódio, com 22 tentos na Serie A. Ronaldo, com menos três, aparece apenas no 12.o posto, e só de Itália ainda tem mais dois goleadores à sua frente: Piatek, do AC Milan, e Zapata, da Atalanta, ambos com 21.
Relembre-se ainda que, nesta contabilização, nem todos os golos valem o mesmo número de pontos. Nas cinco principais ligas, cada golo vale dois pontos, ao contrário do que acontece nas restantes: por essa razão, o senegalês Diagne, do Galatasaray, surge apenas no quarto posto da tabela, apesar de levar já 28 golos na liga turca – onde cada golo vale apenas 1,5 pontos. Tal como acontece, por exemplo, com a liga portuguesa: Seferovic, artilheiro da prova com 19 golos, surge num muito modesto 44.o lugar, tendo à sua frente jogadores da liga italiana ou alemã com apenas 15 golos apontados.
Voltando à luta Messi-Mbappé, importa ressalvar que ambos correm por marcas históricas. O internacional argentino, já se disse anteriormente, é já o recordista de conquistas (cinco), pretendendo ampliar ainda mais esse registo; a pérola francesa pode tornar-se o segundo mais jovem a vencer o troféu, só atrás de Wim Kieft, o artilheiro holandês que em 1981/82, com apenas 19 anos – e quando cumpria somente a segunda temporada nos seniores –, apontou 32 golos ao serviço do Ajax.