Incêndios. PSD vai pedir fita do tempo dos incêndios de Monchique

Incêndios. PSD vai pedir fita do tempo dos incêndios de Monchique


David Justino, vice do partido, diz ao i que os sociais-democratas querem ter acesso a relatórios. E avaliarão propostas “venham de onde for”


Não há pressa, mas o PSD quer ter acesso aos relatórios e à fita do tempo dos incêndios em Monchique. “Logo que possível isso será feito pelo grupo parlamentar”, afiançou ao i o vice-presidente do PSD, David Justino, apontando para setembro o calendário do pedido dos sociais-democratas. Isto numa altura em que o presidente da República se mantém vigilante sobre o tema e, mesmo de férias, tem já definida para amanhã a tradicional reunião semanal com o primeiro-ministro no Algarve.

Numa primeira reação pública, o vice-presidente do PSD teceu duras críticas ao governo, que acusa de “falta de recato e soberba” na gestão do maior incêndio da Europa em 2018. Ao i, David Justino explica que usou as informações disponíveis para fazer a conferência de imprensa. “A fita do tempo é importante, mas normalmente os relatórios já evocam os dados da fita do tempo”, contextualiza o vice-presidente do partido.

Sobre novas propostas sociais-democratas, o dirigente é cauteloso. O PSD está disponível para discutir a aprovar a sugestão do presidente da República sobre a criação de uma comissão independente de acompanhamento dos incêndios, bem como “novas propostas que possam surgir, venham de onde for”, assegura o dirigente.

O PSD também deverá querer fazer um avaliação das medidas aprovadas pelo Parlamento e apresentadas pelo partido: plano nacional de máquinas de rasto ou a ferramenta informática de apoio à decisão operacional dos bombeiros no terreno. O deputado Duarte Marques escreveu ontem no Expresso que “nada disto foi preparado a tempo”.

David Justino prefere um discurso mais estratégico e garante que o PSD vai apresentar uma proposta para “melhorar o que existe na Proteção Civil”. “Não é uma revolução” assegura ao i, mas dá o exemplo de um dado que já é óbvio para o PSD: os mecanismos de georreferência da proteção civil – para avaliar em tempo real os meios e a sua deslocalização – precisam ser reformulados. “ Há plataformas muito mais avançadas”, explica o dirigente nacional, sem apresentar mais detalhes, por não ser especialista. O objetivo da proposta, que está a ser trabalhada pelo conselho nacional estratégico do PSD, é incluir a medida no programa eleitoral dos sociais-democratas.

 

Presidente vigilante

Apesar de estar de férias, o presidente da República não suspendeu os encontros semanais com o primeiro-ministro. Falarão amanhã ao final do dia.

A reunião ocorre após as visitas concertadas entre Belém e São Bento às zonas afetadas pelos incêndios de Monchique que ameaçaram outros concelhos. Marcelo Rebelo de Sousa deu o recado, em público, ao governo de que não se revia no discurso de “triunfalismo” do executivo. “No começo de uma guerra é o mesmo que está a fazer o balanço imediato do que aconteceu (…). Ainda não terminou a guerra”, declarou o presidente da República este sábado em Alferce, uma das localidades afetadas pelos incêndios. Na relação entre São Bento e Belém não se pode dizer que tenham existido falhas de comunicação na semana passada. O único dado novo foi o silêncio presidencial que durou cinco dias.

Marcelo e Costa reuniram logo no início da semana, falaram ao telefone e articularam a deslocação de responsáveis políticos ao terreno após o rescaldo do incêndio. Coube, aliás, a São Bento explicar a ordem de chegada das visitas a Monchique. No final, Marcelo prometeu acompanhar as populações e regressar ao Algarve em setembro.