Merkel chega a acordo com a CSU sobre entrada de imigrantes

Merkel chega a acordo com a CSU sobre entrada de imigrantes


Alemanha vai passar a permitir apenas 200 mil refugiados por ano, número que poderá subir em casos de emergência


Angela Merkel, chanceler alemã e líder da CDU, chegou a acordo com Horst Seehofer, líder da CSU, partido irmão da CDU na Baviera, sobre a política do governo face aos refugiados, tema que nos últimos meses provocou crispações entre as duas formações políticas. Segundo o acordo alcançado, a Alemanha terá como limite anual de refugiados e das suas famílias de 200 mil pessoas por ano. Os trabalhadores especializados que procurem emprego no país não serão incluídos nestes cálculos. Ainda assim, este limite não será inflexível em situações de emergência humanitária.

Depois de ter ganho as eleições legislativas alemãs a 24 de setembro deste ano, Merkel tem encetado esforços para formar uma coligação que apoie um novo executivo por si liderado e a CSU tem um papel fundamental neste jogo de xadrez numérico. As eleições resultaram numa maior fragmentação do sistema partidário alemão, dificultando a formação de um executivo de coligação. 

Perante a recusa do SPD de Martin Schultz em se coligar com a CDU, a líder alemã é obrigada a proceder a negociações com os liberais da FDP e com Os Verdes, mas primeiro viu-se obrigada a encontrar um ponto de acordo com a CSU, partido que representa 15% do eleitorado e com o qual a CDU tem, nas últimas décadas, atuado em bloco no parlamento alemão. Caso Merkel não chegasse a acordo com a CSU, a possibilidade de uma coligação de maioria absoluta com o FDP e Os Verdes – a famosa coligação "jamaica", assim apelidada por representar as cores da bandeira do país – caíria por terra. 

Merkel poderá agora começar as negociações com o FDP e com Os Verdes. Os únicos partidos com assento parlamentar com quem admitiu estabelecer conversações para a formação de um governo. 

Ainda antes das eleições, Merkel tinha recusado qualquer acordo com o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que entrou para o parlamento pela primeira vez e como a terceira força política com 83 deputados (12,6% dos votos) num universo de 709. E também com o Die Linke, partido de esquerda-radical que alcançou 69 deputados (9,2%), que tem criticado as políticas de austeridade na Alemanha e na Europa.