Maçonaria. Candidatos querem menos secretismo

Maçonaria. Candidatos querem menos secretismo


Fernando Lima quer menos facilidades no recrutamento. Adelino Maltez propõe “tirar o GOL da clandestinidade”. Daniel Madeira de Castro quer que a maçonaria tenha uma relação periódica com o povo português


Os três candidatos à liderança do Grande Oriente Lusitano (GOL) estão a percorrer o país de norte a sul para apresentar as suas propostas sobre o futuro da maçonaria. Maior abertura com o exterior ou menos facilidades no recrutamento são alguns dos assuntos em debate na campanha para as eleições, que se realizam nos dias 3 e 4 de junho.

Fernando Lima, que se recandidata com o lema “Renovar e Prosseguir” ao terceiro mandato como grão-mestre do GOL, defende “uma maior exigência e um maior rigor” no recrutamento. “Cada iniciado que posteriormente se afasta ou é afastado gera enfraquecimento”, escreve Lima no programa de candidatura. O atual grão-mestre do GOL avisa que a maçonaria “não convive bem com refundações ou revoluções” e, por isso, propõe “reformas de forma planeada”.

Fernando Lima não ignora a necessidade de aprofundar a relação com o exterior e defende uma “melhor e mais eficaz comunicação com o mundo profano que contribua para uma perceção mais justa da comunidade sobre quem somos e o que fazemos e que permita marcar os nossos valores, de forma mais eficiente, no mundo profano”.

Fernando Lima, que entrou para a maçonaria no final da década de 90, conta com o apoio de António Arnaut e António Reis, ex-grãos-mestres do GOL.

“MOMENTO DE VIRAGEM”

Aos cerca de dois mil maçons que podem votar nestas eleições – uma possibilidade apenas ao alcance dos irmãos com o grau de mestre – chegou também uma mensagem de Fernando Marques da Costa, mandatário da candidatura, com a garantia de que Fernando Lima é aquele que está em melhores condições para enfrentar “um momento de viragem em que importa adaptar estrutura e conceitos operativos, sem perder o essencial da tradição, às profundas mudanças das sociedades modernas”.

Adaptar a maçonaria aos novos tempos está nas intenções dos três candidatos, mas há diferenças na forma como a instituição deve abrir-se ao exterior. O professor catedrático Adelino Maltez, conhecido por fazer com regularidade comentário político na comunicação social, promete “tirar o GOL da clandestinidade”. O candidato considera que “a maçonaria não pode ser, em democracia, local de opacidade, tal como de nós diz o mundo profano, tantas vezes com responsabilidade nossa”.

O programa de Adelino Maltez defende ainda que com “respeito absoluto pelo segredo maçónico, iniciático, a maçonaria tem de mostrar ao mundo que é uma organização de bem, com homens bons e de bons costumes”.

Comunicação e redes sociais

Daniel Madeira de Castro, que se candidata pela segunda vez, garante que, se for eleito, vai exercer o cargo “em regime de total exclusividade”. O economista defende que é preciso acabar com o mito de que a maçonaria é uma sociedade secreta. Ao i, fonte da candidatura defende que é preciso “melhorar a comunicação interna e externa e manter uma relação periódica com o povo português, passarmos a utilizar os meios de comunicação que existem hoje, como as redes sociais”.

O programa do economista prevê a criação de um hino do GOL, bem como a possibilidade de criar canções para aprendizes e companheiros.

DEBATES SÓ PARA MAÇONS

Cerca de dois mil maçons podem votar nas eleições que se realizam no primeiro fim de semana de junho. A possibilidade de votar está vedada aos aprendizes e companheiros. Os maçons que estão a dar os primeiros passos também não podem falar nas reuniões. A passagem a companheiro e, mais tarde, a mestre depende da qualidade dos trabalhos de reflexão escritos que apresentam. Os candidatos já realizaram três debates em Lisboa, Porto e Coimbra, mas apenas os maçons podem assistir.

Não é certo que a eleição fique resolvida já no dia 4 de junho. Se nenhum dos candidatos tiver maioria absoluta haverá uma segunda volta que elegerá o novo grão-mestre do GOL.