As resoluções da banca


Dizia-se antigamente que a banca era o melhor negócio do mundo, caracterizado pela fórmula 3-6-3: remunerar depósitos a juros de 3%, emprestar o dinheiro depositado com juros de 6% e fechar a loja às 3 da tarde. Hoje em dia, esse modelo está há muito ultrapassado, já que os bancos não só remuneram cada vez…


Uma empresa comum que sofresse prejuízos dessa ordem teria que abrir falência, caso em que todos os seus credores seriam prejudicados. Entendeu-se, no entanto, que os bancos são “too big to fail”, pelo que, em lugar disso, o Estado aprova medidas de resolução onde entrega os activos bons a outra entidade, seja ela recém-criada ou outro banco já existente, e fica com os prejuízos, que são os contribuintes a pagar. Pelo caminho, os credores perdem esses activos, com que contavam para garantia dos seus créditos, numa verdadeira expropriação a benefício da confiança no sistema financeiro.

Essa confiança é, porém, cada vez menor. Nos últimos dois anos já tivemos duas medidas de resolução que causaram prejuízos brutais aos contribuintes. E não há maneira de se terminar com esta sangria. Os governantes deviam perceber que o Estado não tem que garantir negócios privados e que é inaceitável um negócio em que os lucros sejam privados e os prejuízos públicos. Basta o que basta. 

Professor da Faculdade de Direito de Lisboa, Escreve à terça-feira  

As resoluções da banca


Dizia-se antigamente que a banca era o melhor negócio do mundo, caracterizado pela fórmula 3-6-3: remunerar depósitos a juros de 3%, emprestar o dinheiro depositado com juros de 6% e fechar a loja às 3 da tarde. Hoje em dia, esse modelo está há muito ultrapassado, já que os bancos não só remuneram cada vez…


Uma empresa comum que sofresse prejuízos dessa ordem teria que abrir falência, caso em que todos os seus credores seriam prejudicados. Entendeu-se, no entanto, que os bancos são “too big to fail”, pelo que, em lugar disso, o Estado aprova medidas de resolução onde entrega os activos bons a outra entidade, seja ela recém-criada ou outro banco já existente, e fica com os prejuízos, que são os contribuintes a pagar. Pelo caminho, os credores perdem esses activos, com que contavam para garantia dos seus créditos, numa verdadeira expropriação a benefício da confiança no sistema financeiro.

Essa confiança é, porém, cada vez menor. Nos últimos dois anos já tivemos duas medidas de resolução que causaram prejuízos brutais aos contribuintes. E não há maneira de se terminar com esta sangria. Os governantes deviam perceber que o Estado não tem que garantir negócios privados e que é inaceitável um negócio em que os lucros sejam privados e os prejuízos públicos. Basta o que basta. 

Professor da Faculdade de Direito de Lisboa, Escreve à terça-feira