Tu sabes que eu sei aquilo que tu sabes (que eu sei)

Tu sabes que eu sei aquilo que tu sabes (que eu sei)


Há muita coisa neste filme que bate certo, e isso é uma sorte para quem o vê. Antes de passarmos os olhos pela história já desconfiamos que vai correr bem. 


Tom Hanks e Steven Spielberg – a dupla entende-se, não é de agora e era de suspeitar que continuasse. E vê-los aos dois numa desventura que se passa a meio do século xx, entre conflitos que mudaram a história, também é uma ideia que apresenta boas promessas logo à partida. Hanks interpreta James Donovan, um advogado dado às coisas da diplomacia (mas que está mais habituado a lidar com casos sobre seguros e outras burocracias do género). A sua tarefa é negociar, em plena Guerra Fria, a libertação de Francis Gary Powers, piloto capturado pelos russos. O avião que comandava, um U-2, foi abatido enquanto voava em espaço aéreo soviético, coisa que – diz-nos a história e, vai-se a ver, a actualidade – nunca foi bem recebida por ninguém. Powers sabe coisas que os russos não podem saber e os americanos têm um espião do bloco de Leste preso. A ideia é fazer uma troca, nada mais simples. Ou nada mais complicado. A história é verdadeira, adaptada segundo as regras que Spielberg sempre usou para gerar tensão. O argumento conta com a assinatura dos irmãos Coen e bem sabemos que ambos são peritos em deixar-nos presos às frases certas e aos silêncios que as complementam. Aépoca está toda no filme, com os detalhes que interessam.E Tom Hanks continua a carregar o estatuto de estrela maior de Hollywood – isto numa história que pede um protagonista com atitude para aguentar o impossível resulta num filme (já dizíamos no início) em que tudo bate certo. 

“A Ponte dos Espiões”

****

De Steven Spielberg 
Com Tom Hanks, Mark Rylance, ScottShepherd