Smart cities. As nossas cidades estão a ficar inteligentes

Smart cities. As nossas cidades estão a ficar inteligentes


Barcelona, Amesterdão, Londres e Viena são os exemplos a seguir. Mas “a transformação numa smart city é um processo, não um fim em si mesmo”.


Aplicações para pagar parques de estacionamento, wi-fi grátis em transportes públicos, bicicletas eléctricas, táxis colectivos ou unidades móveis de saúde são alguns dos projectos já implementados para tornar os nossos centros urbanos mais smart. As cidades são, sem dúvida, os lugares mais densamente povoados do planeta e há cada vez mais a necessidade de encontrar formas inteligentes de as pôr a funcionar. Em Portugal já se caminha para o objectivo de ter smart cities, mas o caminho a percorrer pode ainda estar longe do fim. 

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Mas o que faz uma smart city? A resposta é simples. “São cidades inovadoras, sustentáveis, inclusivas, resilientes e conectadas, orientadas para promover a criação de negócios e emprego e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos”, desmistifica ao i Catarina Selada, directora da unidade de cidades da INTELI, a entidade gestora da rede de cidades inteligentes de Portugal. Existem já “diversas cidades e vilas portuguesas, espalhadas um pouco por todo o país, que estão atentas a este movimento”, onde se destacam as regiões do Alentejo, Vale do Tejo e Porto, pelo maior número de projectos já em funcionamento. Mas a inovação – sempre assente nas novas tecnologias de informação e comunicação – chega a todos os pontos do país: “A Rede Portuguesa de Cidades Inteligentes (RENER) integra 46 municípios que se encontram a partilhar boas práticas e a desenvolver projectos conjuntos na área da evolução urbana”, destaca a responsável. 

E esta lógica de colaboração entre cidades já se estendeu até ao país vizinho, com o qual foi estabelecido um protocolo de cooperação com a Rede Espanhola de Cidades Inteligentes. Actualmente há uma “rede ibérica que conta com 111 cidades”. 

As smart cities utilizam “a informação, o conhecimento e as tecnologias digitais para atingir objectivos sociais, económicos e ambientais e responder aos desafios urbanos do futuro”, diz Catarina Selada, acrescentando que “numa smart city, as tecnologias são apenas enablers, o foco deverá ser colocado nas pessoas”. A nível nacional, podemos encontrar projectos para tornar as cidades inteligentes em áreas diversas como a da energia, mobilidade, ambiente, governação, turismo, saúde, segurança ou educação. Mas estes, como lamenta a responsável da INTELI, são mais “iniciativas pontuais e isoladas do que estratégias integradas de desenvolvimento urbano inteligente”.

Ser smart lá fora Quando falamos em smart cities, temos de distinguir os projectos portugueses dos já postos em prática lá fora. Nos vários estudos dedicados ao tema das smart cities, há quatro cidades que, a nível europeu, são constantemente referenciadas: Barcelona, Amesterdão, Londres e Viena. 

Na verdade, basta ir à vizinha Espanha para perceber como é uma cidade inteligente a sério. Olhando para Barcelona, percebemos que estamos apenas a dar os primeiros passos: veículos eléctricos, wi–fi pela cidade, sinais de trânsito inteligentes, partilha de bicicletas e até um smart city campus – um centro que pretende juntar as empresas, os centros tecnológicos e as universidades num espaço que tem como objectivo promover sinergias – são apenas algumas das justificações que elevam a cidade ao estatuto quase máximo da “inteligência”.

E foi exactamente em Barcelona que decorreu, de 17 a 19 de Novembro, o Smart City Expo World Congress, onde foram apresentados os resultados da primeira iniciativa conjunta de Portugal e Espanha – o startup4cities – na área do empreendedorismo urbano e se mostraram os 18 projectos finalistas, e foi realizada uma votação em que os municípios elegeram os projectos mais interessantes para aplicarem às suas cidades. Catarina Selada, presente no evento, afirmou ao i que o vencedor desta iniciativa foi o projecto Participare da startup portuguesa ChangeTomorrow, que tem como objectivo, segundo o seu site, “disponibilizar uma plataforma de democracia participativa fácil de usar, capaz de se adaptar às melhores práticas, bem como às especificidades locais”.

Num trabalho recente de análise do caso brasileiro, o Rio de Janeiro tem aparecido sempre no primeiro lugar do ranking. Mas a nível mundial há até quem siga uma estratégia de smart nation, como é o caso de Singapura. Medellín, na Colômbia, é referida como caso de estudo na área da inovação social e co-criação cidadã, explica Catarina Selada, que deixa ainda uma garantia: “A transformação numa smart city é um processo, e não um fim em si mesmo.” 

Em Portugal foi dado mais um passo.A apresentação do Cluster Smart Cities Portugal surgiu enquanto estratégia de eficiência colectiva: “Este integra um conjunto de 50 entidades: cidades, empresas, startups, universidades, incubadoras e associações, com vista a afirmar Portugal como palco de desenvolvimento e teste de soluções urbanas inovadoras para o mercado global”, remata a responsável.